A capacidade de se colocar no lugar do outro, de tentar compreender as razões que o motiva a agir de determinada forma, sempre se constituiu num admirável exercício espiritual. Você vai encontrar essa exortação em quase todos os livros basilares das grandes religiões. Ela se constitui na possibilidade mais nobre de sair do eu para alcançar um princípio de entendimento da alteridade. O que advém dessa prática é a possibilidade de trocar o julgamento pela compreensão. Colocar a empatia no centro dos nossos propósitos tem, a meu ver, o mesmo valor de uma oração. Mais do que pedir, estamos nos colocando em disponibilidade, acolhendo generosamente os sentimentos e as motivações alheias. Não é fácil e muitas vezes desistimos em prol da manutenção de nossas verdades. Creio que as guerras e, numa perspectiva individual, os conflitos emocionais, perderiam muito de sua razão de ser se nos esforçássemos para isso. Quando não nos aprofundamos, somos incapazes de romper com os condicionamentos. A sociedade moderna está moldando o homem para que ele se preocupe apenas com a sua satisfação pessoal. O desejo tomou o lugar do altruísmo. Agindo assim, nosso olhar só alcança a redoma em que nos colocamos.
Opinião
Gilmar Marcílio: empatia
A sociedade moderna molda o homem visando apenas sua satisfação pessoal
Gilmar Marcílio
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