Desde os anos 1990, o grito de “Ah, eu sou gaúcho” é entoado no Planeta Atlântida. A frase costuma ser repetida em diferentes momentos — seja de exaltação ao Rio Grande do Sul ou na empolgação de um show. É, praticamente, um hino do maior festival de música do Sul do Brasil. Contudo, a expressão ganhou uma nova força na 28ª edição do evento.
Realizado na última sexta-feira (31) e no sábado (1°), o Planeta reuniu mais de 80 mil pessoas na Saba, na Praia de Atlântida, Litoral Norte. Foi o primeiro festival após a enchente que assolou o Estado em 2024. Então, além de festejar a vida e o verão, o evento celebrou também a força e resiliência do povo gaúcho.
Também foi o festival que recebeu diferentes estilos e tendências. O Planeta promoveu uma maratona com mais de 20 horas de música, somando mais de 40 atrações em dois palcos. O que incluiu alguns reencontros.
Desde 2020 longe do evento, Anitta voltou ao evento com um show envolvente, mesclando hits antigos e novos. Já Luísa Sonza fez uma apresentação de popstar em sua terceira vez seguida no Planeta — desta vez, chegando a trazer membros do CTG Rancho da Saudades, de Cachoeirinha, para o palco. Por sua vez, Armandinho mostrou porque é um símbolo do festival, em show marcado pela sintonia com os planetários.
Também foi um Planeta de estreias: Ana Castela mostrou porque é um dos maiores fenômenos do sertanejo e do pop brasileiro da atualidade. A boiadeira empolgou o público com seu repertório e seu carisma. Ainda, foi a primeira vez do projeto Baile do Planeta, que reuniu Kevin o Chris, Livinho e o DJ Ariel B, e fez o público vibrar.
Foi um Planeta de despedida: o Natiruts trouxe sua turnê derradeira ao festival, Leve com Você, em um show cristalino. Mas também imprevistos acontecem: a banda Lagum enfrentou problemas logísticos para chegar à Saba e, por conta do atraso, precisou encurtar seu show no Palco Planeta. Porém, o grupo teve a oportunidade de completar sua apresentação na Arena Coke Studio, realizando uma performance impactante.
Entre os gêneros que se encontraram no festival, o trap foi defendido nas apresentações estrondosas de Matuê e Felipe Ret. Houve pagode romântico com Sorriso Maroto, Dilsinho e Alexandre Pires — esse último promoveu uma festa nostálgica com o projeto Baile do Nego Véio. Nomes como Pedro Sampaio e Mu540 trouxeram a fusão do funk com a música eletrônica, enquanto Dubdogz fechou o festival com uma festa eletrônica e carnavalesca.
Mas também foi um Planeta com muita presença gaúcha, contando com shows memoráveis de Cachorro Grande, Comunidade Nin-Jitsu com MC Jean Paul, Gupe, Vera Loca, entre outros. Era tempo de RS.
Sul é o nosso palco
O tema de 2025 do Planeta foi “O Sul é nosso palco”, reforçando o espírito de retomada do Estado, o que já foi manifestado logo na tradicional abertura do evento realizada pelo cantor e apresentador Neto Fagundes. Desta vez, ele teve a companhia de Rafael Malenotti, Serginho Moah, Claus e Vanessa e Luiza Barbosa.
Aliás, a reconstrução e a resiliência dos gaúchos foram mencionadas em diferentes apresentações. Luísa Sonza, por exemplo, agradeceu a ajuda de todo o país ao Estado e destacou:
— Que prazer estar mais um ano com vocês. É um ano mais significativo, pois passamos por momentos difíceis. Ainda estamos reconstruindo, mas é bom estarmos aqui sendo felizes.
Por parte do público, o grito de “Ah, Eu Sou Gaúcho” foi entoado em alguns shows, como ocorreu nas apresentações de Sorriso Maroto e Comunidade Nin-Jitsu com MC Jean Paul. Foi um Planeta para extravasar orgulho.
Quem também refletiu sobre o momento de reconstrução foi Armandinho, enquanto cantava Outra Vida. Ao ver o sol brilhar após uma tarde nublada, ele refletiu:
— É agora, Rio Grande do Sul! O recomeço! É uma nova vida.
E encerrou a música com o verso “pode crer, tudo vai dar certo”.