Na censura nos mostramos. Mostramos quem somos. Mostramos nossos desejos, medos, retaliações internas e externamos tudo, querendo justamente fazer o contrário. Mostramos como os homens se portam, no que (des)acreditam, que tipo de negócio importa, quais são os fantasmas que nos perseguem. As televisões mostram, as mídias sociais também, a fala do vizinho, o espelho em casa, todos, invariavelmente, mostram quem somos. O que censuramos fala de nós e o reprimido se torna visível. Não há fuga. Não há refúgio. O que há é um recrudescimento de um sistema que tem por base a corrupção, o senso comum e o preconceito. Censurar livros é a presença de uma prática medieval que resiste e sobrevive mesmo com o pensamento cultural tendo subido alguns degraus na escada que leva ao oposto da ignorância. E podemos nos questionar, será que realmente evoluímos?
Opinião
Adriana Antunes: novos tempos
O que censuramos fala de nós e o reprimido se torna visível
Adriana Antunes
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