Já são cinco anos desde a interdição de um dos prédios da Escola Estadual Joaquim Gonçalves Ledo, em Mormaço, no norte do RS. A estrutura, que estava com enormes rachaduras, foi demolida por risco de desabamento e, até hoje, não foi reconstruída. Desde então, salas e alunos foram realocados de forma improvisada.
Foi em fevereiro de 2020 que a Secretaria de Obras do Estado interditou o prédio. Problemas estruturais colocavam em risco os estudantes e funcionários da instituição. Rachaduras nas paredes comprovavam tais condições.
Com acesso proibido, os alunos que ali estudavam precisaram ser transferidos para outro espaço da única escola estadual de Mormaço. Os laboratórios de ciências e de computação foram modificados para receber os estudantes. Bancadas, computadores e outros objetos precisaram ser retirados para acomodar as classes.
A medida, que deveria ser provisória, parece longe de voltar ao normal. Desde então, a única evolução foi a demolição do prédio, em 2023.
— A última notícia que eu tive do prédio, na verdade, foi lá quando foi demolido, há dois anos atrás, que estava pra ser feito o projeto, e até então a gente não tem mais nenhuma notícia — revela o diretor Adilson Kuhn.
Muitos dos 250 alunos da instituição lembram de quando a estrutura foi ao chão, mas pouco recordam do uso daquele espaço antes de 2020.
— Não lembro muito. Mas eu lembro que era um prédio aqui, só — disse uma estudante de nove anos.
No improviso

Quem não esquece é a professora de química Daniela Borges Bartolometi. Com a interdição do prédio e necessidade de realocar os alunos, ela perdeu o local que usava para fazer experimentos.
Por isso que há cinco anos, ela improvisa e utiliza uma bacia para transportar o material de uma sala para a outra.
— Minha companheira diária. Eu carrego ela (a bacia) com as vidrarias, com todo o material que eu vou utilizar durante as aulas, as experimentações, e aí eu levo ela de sala em sala — conta a professora.
Todo material que existia na sala de ciências e computação, bem como os objetos do prédio interditado, precisavam de destino. Há anos, o patrimônio público está em um pequeno espaço cedido pela prefeitura ao lado da escola.
Computadores, monitores, ar-condicionado, vidros, mesas, bancadas e outras mobílias estão abandonadas, em total desuso.
Mais problemas
Além do prédio demolido, que segue sem resposta do Estado (leia posição abaixo), a direção aponta que a estrutura da escola, de quase 70 anos, precisa de reformas.
Encontrar os problemas não é difícil. Logo na chegada à instituição é possível perceber que o muro está rachado e inclinado para calçada, ameaçando cair. Ao entrar, bastam alguns passos para encontrar fios elétricos e botijões de gás expostos.
— Temos vários outros problemas, um deles é a reforma elétrica, outro é a central do gás, também estamos com acesso da cozinha interditado desde março de 2020. Temos as salas de aulas com piso com bastante dificuldade, além de toda a acessibilidade da escola, que também é deficiente — aponta o diretor.
Os pais dos alunos cobram que estas questões sejam resolvidas com urgência.
— Há uma burocracia, sim, que não tem justificativa. Primeiro pra demolição desse prédio, que oferecia risco, e agora pra um projeto necessário, porque a escola não tem a estrutura suficiente pros alunos que estão matriculados — relata o empresário Patrick Cunha.
Segundo ele, o sentimento dos familiares é de frustração ao ver que, há anos, a escola acumula problemas.
— A gente fica frustrado por ver a demora. Não há justificativa para tamanha demora — desabafa.
O que diz a Secretaria de Educação do RS
Procurada, a Secretaria de Educação do Estado (Seduc) não respondeu sobre o antigo prédio, ou possível reconstrução. Apenas informou que o prédio atual, usado pelos estudantes, tem a estrutura necessária para atender a demanda e que a escola tem valores do programa Agiliza para fazer reparos necessários.
Confira a nota da Seduc na íntegra:
"A Secretaria da Educação informa que os quase 200 estudantes de Ensino Fundamental e Médio da Escola Estadual Joaquim Gonçalves Ledo, em Mormaço, seguem sendo atendidos no prédio atual, que possui a estrutura necessária para o atendimento. A escola possui ainda, em caixa, valores de Agiliza, que podem ser utilizados para reparos que forem necessários, como pintura, entre outros."