
Em breve, o Brasil passará a comercializar o medicamento Mounjaro (tirzepatida), aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023. Segundo a farmacêutica Eli Lilly, um mês de tratamento com o fármaco, que é utilizado para tratar diabetes e obesidade, poderá custar até R$ 3,7 mil.
A Eli Lilly afirmou que ainda não há uma data específica para o início da comercialização do Mounjaro no Brasil. "O lançamento do medicamento na apresentação de caneta aplicadora de uso único está previsto para ocorrer nos próximos meses", informou.
A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) definiu que o Preço Máximo ao Consumidor (PMC) de um mês de tratamento com o Mounjaro (caixa com quatro canetas, independente da dosagem) é de R$ 3.791,07 no ICMS de 18%.
“Lembrando que esse valor se refere ao preço máximo ao consumidor e não necessariamente ao preço que será encontrado nos pontos de venda, que podem ser mais baixos devido às dinâmicas de mercado", acrescentou a farmacêutica.
Como o Mounjaro funciona?
A medicação atua em dois hormônios do organismo: o GIP, que estimula a liberação de insulina em resposta à ingestão de alimentos, e o GLP-1, responsável por sinalizar ao cérebro quando o indivíduo está alimentado. Esse é um diferencial em relação ao Ozempic e ao Wegovy, medicamentos parecidos que agem somente no GLP-1.
— O Mounjaro reduz mais a ingesta de alimentos e aumenta a secreção de insulina, potencializando mais o controle da glicose e a perda de peso — explica a endocrinologista e metabologista Rachel Giovanella.
Ou seja, o medicamento é capaz de regular os níveis de açúcar no sangue depois das refeições, o que ajuda a retardar a absorção de glicose dos alimentos. Ele também diminui o esvaziamento gástrico do estômago. Assim, promove a sensação de saciedade e reduz o apetite.
Benefícios e riscos
Rachel acrescenta que, atualmente no Brasil, o medicamento é indicado para tratar diabetes em adultos. Mas o Mounjaro ficou famoso pelo uso offlabel para tratamento contra obesidade, uma vez que ajuda na redução das calorias ingeridas e na diminuição do peso, com vários estudos comprobatórios.
— Os pacientes que usam a semaglutida, que é o Ozempic e o Wegovy, na dose máxima, perdem, em média, 15% do seu peso corporal — relata a especialista. — Com o Mounjaro, nas doses mais altas, 57% dos pacientes perdem mais do que 20% do peso. Os benefícios são esses: maior potencial na perda de peso, no controle da glicose, na redução de pressão arterial e redução de triglicerídeos.
Os riscos, segundo Giovanella, dependem do histórico do paciente. O medicamento pode ser contraindicado para pacientes com triglicerídeos muito altos ou histórico de pancreatite, por exemplo.
Por isso, a endocrinologista ressalta que é importante fazer o tratamento com acompanhamento médico, para garantir a segurança dos pacientes, ajustar as doses corretamente e monitorar os possíveis efeitos colaterais.
Tratamento
O medicamento é injetável, assim como o Ozempic, e vem em cinco doses diferentes: 2,5mg, 5mg, 7,5mg, 12,5mg e 15mg. A endocrinologista explica que, idealmente, o paciente fará o aumento gradual das doses, conforme avança com o tratamento, sendo contraindicado começar pela dose mais alta. Depois, as dosagens podem ser diminuídas para a fase de manutenção.
— São medicamentos desenvolvidos para uso crônico, contínuo, porque a obesidade e o diabetes são doenças crônicas. Então, a partir do momento em que a gente retira o medicamento, a tendência é que a doença retorne, que a glicose suba e que o peso perdido volte. É muito importante que os pacientes entendam que não tem um prazo para usar o medicamento — reforça Rachel.
Efeitos colaterais e efeito rebote
Náuseas, diarreia, constipação, refluxo, dor abdominal, fadiga, tontura e desconforto gastrointestinal são alguns dos efeitos colaterais mais comuns do medicamento. Rachel ressalta, porém, que o medicamento proporciona um tratamento com menos efeitos adversos quando comparados a outros estímulos parecidos, como a semaglutida, por exemplo.
Além disso, a endocrinologista alerta que, ao parar de usar a medicação, o peso perdido pode voltar e os níveis de glicose no sangue podem subir novamente, causando o retorno da diabetes.
— Qualquer tratamento para obesidade, quando for interrompido, leva a um reganho de peso. Porque a doença volta a ficar sem tratamento. É igual um hipertenso: se ele retirar o remédio da pressão, a pressão sobe — pontua.