Por Haydee Padilla, coordenadora de Família, Gênero e Curso de Vida da Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil
A rápida transição demográfica nos países em desenvolvimento nos convida a refletir sobre o quão preparados estamos para superar barreiras e executar ações que garantam às pessoas idosas os direitos que constam nas políticas nacionais. Segundo o IBGE, a população idosa do país alcançou em 2018 a marca de 28 milhões de pessoas (13,4%). As projeções apontam para números que avançam de forma meteórica. Em 2020, estima-se que o país tenha 30,1 milhões de pessoas idosas (14,2%); em 2060, essa quantidade mais que dobrará, indo para 73,4 milhões – ou 32,2% da população brasileira. A inversão da pirâmide demográfica deve ocorrer em 2039. No entanto, alguns estados –RS, RJ, MG, SC, SP e PR – terão apenas 17 anos para se adaptar ao novo cenário.
Um dos desafios não só do país, mas do mundo, é transformar o olhar biomédico em um olhar mais humano e integral à pessoa idosa. Essa transição é um confronto diário devido à fragmentação da oferta dos serviços, seja na saúde, educação, assistência social, moradia ou transporte, o que dificulta o acesso aos direitos da Convenção Interamericana sobre Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos. Os desafios impostos à pessoa idosa são ainda mais complexos em contextos de baixa renda ou renda insuficiente, já que a limitação financeira intensifica a diminuição da capacidade de realizar atividades rotineiras.
Questões sensíveis à pessoa idosa devem observar suas potencialidades, visualizando oportunidades de inclusão e aproveitamento desse grupo que possui indivíduos em ótimas condições de saúde, motivados e produtivos, mesmo com idade avançada. A oportunidade de permanecer ou se reinserir no mercado de trabalho, por exemplo, pode favorecer o prolongamento da independência física e financeira, sendo um excelente caminho para inserção social.
A OPAS e a OMS têm unido esforços para incentivar os diferentes entes federativos brasileiros a se prepararem para a Década do Envelhecimento Saudável (2020-2030). Agora, mais do que nunca, precisamos construir juntos políticas públicas que sejam capazes de proporcionar uma vida melhor às pessoas idosas.
A série Ideias para o Futuro 60+ tem apoio de Unimed Federação/RS