Em 1970, eu tinha nove anos e a certeza de que vivia no melhor país do mundo: não havia violência, fome, desemprego, só paz e amor. Um general assumiu a presidência e dali por diante eu cantarolava pela casa uma música que dizia "Ninguém segura a juventude do Brasil". Nos adesivos dos carros, lia-se "Brasil, ame-o ou deixe-o". Se alguém não gostava daquele paraíso, tinha mesmo que sumir, pô, que ousadia se queixar de uma nação próspera e pacífica. Ganhamos a Copa do México, ninguém perdia um capítulo de Irmãos Coragem e eu rezava todas as noites, agradecida a Deus pela sorte de ser brasileira - aliás, o que Ele também era.
Seguir em frente
Ninguém em sã consciência investe num projeto de passado
Não é natural, não é racional, não é inteligente
Martha Medeiros
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