
Sob intensa pressão de empresas, do mercado financeiro e até de parte expressiva do seu próprio partido, Donald Trump cedeu, dando sinais de flexibilização na guerra comercial contra a China e na tentativa de derrubar o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
Nesta quinta-feira (24), seu necessário recuo ficou um pouco mais caro: a China fez questão de avisar que não está em negociações com os Estados Unidos, como insinuava a Casa Branca. Mesmo assim, os mercados seguem reagindo bem, mas sem euforia. Os principais índices da bolsa de Nova York sobem entre 0,83 (DJIA, o mais tradicional) e 1,74% (S&P 500, o mais abrangente). A bolsa de tecnologia Nasdaq avança 1,95%. O dólar no Brasil cai 0,87%, para R$ 5,669.
Conforme o porta-voz porta-voz do Ministério do Comércio, He Yadong, "os EUA devem responder às vozes racionais da comunidade internacional e dentro de suas próprias fronteiras e remover completamente todas as tarifas unilaterais impostas à China se realmente quiserem resolver o problema".
Para resolver o problema que ele mesmo criou, Trump será obrigado a dar o primeiro passo. Já o fez verbalmente. Seu desafio, agora, será executar na prática a redução da tarifa que anunciou, mas não aplicou.
Será ainda mais pressionado a fazê-lo porque disso depende o resgate de consumidores, empresas e mercado de capitais americano. Determina até a manutenção dos EUA como referência de valor para o mundo.
Nesta quinta, saiu um dos primeiros indicadores que refletem o estrago do tarifaço: a venda de casas existentes caiu 5,9% ainda em março nos EUA, antes dos anúncios mais drásticos. Foi a maior queda dos últimos dois anos. Comprar imóveis, como se sabe, exige confiança e estabilidade. Tudo que o governo Trump não oferece.