Era criança e ficava extasiada ao ver um termômetro quebrar. De dentro, saíam várias bolhinhas de mercúrio. Eu mesma vivia numa bolha, mas não sabia. Achava que o planeta se resumia à minha família, ao colégio e ao clube, onde eu encontrava "todo mundo". Todos iguais, brancos, de classe média alta, que reproduziam piadinhas racistas e chamavam de bicha os garotos que não jogavam bola. Não éramos pessoas ruins, apenas alienados.
Empatia
As bolhas
Já fui a favor do porte de arma. Já fui contra as cotas nas universidades. Eu estava errada. Eu mudei de ideia. E isso só foi possível porque saí da minha bolha para escutar, enxergar, compreender.
Martha Medeiros
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