
O Studio Ghibli está bombando nas redes sociais por causa do recurso de inteligência artificial (IA) que permite criar imagens ao estilo do consagrado estúdio japonês de animação fundado na década de 1980.
Uma de suas marcas é o trabalho à moda antiga: cada quadro é desenhado à mão. Ou seja, há um paradoxo incontornável na onda que usa a IA.
Os filmes do estúdio costumam retratar a natureza como um refúgio. Esses cenários também nos ajudam a escapar da nossa normalidade urbana e nos permitir embarcar na fantasia. Geralmente, os mundos mágicos ajudam o protagonista a fugir ou a lidar com a sua realidade, inspiram a resolver seus problemas internos e externos.
A guerra, de forma direta ou alegórica, é um tema frequente, vide Túmulo dos Vagalumes (1988), de Isao Takahata, Porco Rosso: O Último Herói Romântico (1992), O Castelo Animado (2004) e O Menino e a Garça (2023), os três de Hayao Miyazaki, e Da Colina Kokuriko (2011), de Gorô Miyazaki (filho de Hayao). A mensagem é sempre pacifista, valorizando a comunhão entre o mundo real e o mundo fantástico, ou seja, entre dois povos diferentes ou duas nações em conflito. A escolha de crianças como protagonistas é uma aposta no futuro.
Praticamente todas as produções do Studio Ghibli estão disponíveis na Netflix. Confira, a seguir, cinco filmaços:
1) Nausicaä do Vale do Vento (1984)

De Hayao Miyazaki. Está situado em um futuro apocalíptico, mil anos após o fim de uma guerra, e no qual o reino litorâneo do Vale do Vento é uma das únicas regiões ainda povoadas do planeta. Liderados pela princesa Nausicaä, sua população luta para reestabelecer a ligação entre a humanidade e a natureza, ponto-chave na reconstrução do Japão após a Segunda Guerra Mundial. O sucesso do filme levou à fundação do Studio Ghibli.
2) Túmulo dos Vagalumes (1988)

De Isao Takahata. Considerado um dos filmes mais tristes de todos os tempos, conta a história da desintegração de uma família japonesa na Segunda Guerra Mundial. Depois que o pai foi convocado para se juntar ao exército e a mãe foi morta em um bombardeio americano, o menino Seita e sua irmã Setsuko se veem obrigados a lutar pela própria sobrevivência.
3) Meu Amigo Totoro (1988)

De Hayao Miyazaki. Ambientado no pós-Segunda Guerra, acompanha o dia a dia de duas irmãs na zona rural. Em meio ao tédio doméstico, a dupla encontra tempo para interagir com poeiras mágicas e fazer amizade com Totoro, um espírito da floresta de aparência similar a um gato gigante. Totoro acabou se tornando o símbolo do estúdio.
4) Porco Rosso (1992)

De Hayao Miyazaki. No período entre guerras, um veterano piloto italiano cai em uma ilha deserta e se vê transformado em um porco bípede (e de bigode), mas ainda com suas habilidades aéreas afiadas. Torna-se, então, um aviador aventureiro enfrentando piratas do ar, resgatando passageiros e driblando a polícia fascista.
5) A Viagem de Chihiro (2001)

De Hayao Miyazaki. Vencedor do Oscar de melhor longa de animação, é um dos mais belos filmes já feitos. Na trama, durante a mudança de casa, uma menina de 10 anos depara com um mundo de deuses, bruxas e espíritos, faz amigos e inimigos e aprende lições de solidariedade e humildade. Em janeiro de 2024, o ator Leonardo DiCaprio disse em entrevista ao Letterboxd que havia recomendado ao diretor Martin Scorsese que assistisse a Spirited Away, o título em inglês de A Viagem de Chihiro.
6) O Conto da Princesa Kaguya (2013)

De Isao Takahata. O diretor aposta em uma estética inovadora nesta releitura do Conto do Cortador de Bambu, do século 10, considerada a mais antiga narrativa japonesa de que se tem registro. Por meio de desenhos feitos com lápis, aquarela e carvão, conta a história da princesa Kaguya, encontrada por um camponês ainda bebê, enquanto dormia dentro de um bambu.
7) O Menino e a Garça (2023)

De Hayao Miyazaki. Premiado com o Oscar de melhor longa de animação, evoca a infância do octogenário Miyazaki, marcado profundamente pelos bombardeios que obrigaram sua família a evacuar duas cidades durante a Segunda Guerra. Estamos em 1943, e a sirene alerta sobre um ataque aéreo. Uma bomba incendiária jogada sobre um hospital de Tóquio mata a mãe de Mahito Maki, um menino de 12 anos que é o protagonista da história. O pai de Mahito se casa de novo e leva o filho para morar com a madrasta em uma casa no campo, onde tem pesadelos recorrentes e não se sente confortável na formação familiar nem na escola. Um dia, ele conhece uma garça que o conduz a uma torre misteriosa, porta de entrada para uma jornada fantástica.
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