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Em cartaz apenas no Cinesystem Bourbon Country, na sessão das 14h30min, Capitão Astúcia (2022) é um título raro na cinematografia brasileira. Como o nome sugere, trata-se de uma aventura de super-herói — mas um super-herói sui generis.
Exibido no Fantaspoa de 2022, o primeiro longa-metragem do diretor e roteirista Filipe Gontijo, de Brasília, tem como protagonista Santiago (Paulo Verlings, das novelas Em Família e Rock Story), um ex-astro mirim que se vê pressionado pelo pai a reviver a carreira musical como Kid Pianino. Para evitar isso, ele se refugia em uma casa geriátrica junto ao avô, papel do veterano Fernando Teixeira, ator octogenário visto em Aquarius (2016) e King Kong em Asunción (2020).
O choque geracional tem mão invertida. É o personagem mais velho quem demonstra uma energia incessante, um senso de humor inabalável, um enorme amor pela vida e uma criatividade invejável: nasce da sua imaginação o tal Capitão Astúcia, que tem um quê de Dom Quixote — aliás, o nome de seu interesse romântico, Dulce (Nívea Maria), remete a Dulcineia de Cervantes.
Entre aventuras mais comezinhas e o enfrentamento com o vilão Akira Laser, um tecladista dos anos 1980/1990, o filme faz uma homenagem bacana ao universo das histórias em quadrinhos, inclusive na forma narrativa. Não é um Capitão América: O Soldado Invernal, mas também está longe de ser um Capitão América: Admirável Mundo Novo — ainda que oscile no ritmo da trama e que haja momentos visualmente confusos, Gontijo demonstra personalidade e foco narrativo.
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