Depois da vereadora Mari Pimentel, nesta terça-feira (25) foi a vez de o deputado Fábio Ostermann deixar o muro e assumir posição na eleição para governador. Ostermann é o segundo político do Novo com mandato no Rio Grande do Sul a abrir o voto para Eduardo Leite (PSDB), com quem teve embates memoráveis nos três anos e três meses em que o tucano governou o Estado.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Ostermann explicou por que escolheu Leite. Na eleição para presidente da República, o deputado do Novo está com o presidente Jair Bolsonaro.
— Apesar de estar com Bolsonaro, Onyx Lorenzoni defende, na verdade, um projeto muito semelhante ao plano de governo do PT: é contrário ao regime de recuperação fiscal, já anunciou que quer revogar a reforma da Previdência e pretende voltar atrás na privatização da Corsan — disse o deputado.
O deputado lembrou que teve e tem "públicas e notórias divergências" com Leite, especialmente por tentar aumentar impostos e por ser leniente no combate à privilégios, mas precisa reconhecer que Leite "fez uma gestão pautada pelo princípio da responsabilidade fiscal”.
— Ao longo do meu mandato, fui um dos maiores defensores dessas medidas que, embora impopulares, são e seguirão sendo extremamente necessárias para o futuro do Rio Grande do Sul.
Ostermann destacou que a sociedade gaúcha iniciou esse ciclo de reformas em 2015, com José Ivo Sartori, e não pode retroceder, "sob pena de condenarmos mais uma geração ao atraso e à perda de oportunidades".
Fogueira da Inquisição
Desde que abriu seu voto para Eduardo Leite, a vereadora Mari Pimentel, do Novo, não tem sossego.
Nas redes sociais bolsonaristas, é atacada como se tivesse assinado ficha no Partido Comunista. Mari sabe de onde partem os ataques, mas não recua. Por telefone, cabos eleitorais de Onyx tentam convencê-la a mudar o voto perguntando se ela não tem vergonha de votar em um candidato que tem o apoio do PT.
— Estou muito tranquila com a minha escolha. Minha vida sempre foi pautada com base na seriedade, no trabalho e nas entregas. Essas cobranças são até infantis. Fiz minha opção pelo que acho melhor para o Estado. É a vida real que me pauta e não essas teorias do medo, que são muito feias na política.
A campanha difamatória a que Mari Pimentel está sendo submetida talvez explique por que parte dos integrantes do Novo que detêm mandato segue confortavelmente no muro. Até a definição de Ostermann nesta terça, Mari era a única a abrir o voto em Leite.
É fato que os parlamentares do Novo têm resistência aos dois candidatos, mas passam a ideia de medo de sair da zona de conforto.