
Na entrevista que deu aos jornalistas a bordo do Air Force One, entre a Flórida e Washington, Donald Trump antecipou que, na conversa desta terça-feira (18) com Vladimir Putin, discutirá a "divisão de ativos" da Ucrânia.
A se confirmar o telefonema, há grandes chances de o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial terminar quando os dois desligarem a chamada. Como já escrevi nesse espaço: Rússia e Estados Unidos ganham. A única que perde é a Ucrânia, que pouco foi ouvida nesse processo todo.
Além de "assets" (ativos), Trump falou em "lands" (terras). Imagina-se que sobre os primeiros refere-se à usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa — cujos seis reatores nucleares pararam de fornecer energia elétrica à Ucrânia em setembro de 2022, diante das preocupações de que ataques russos pudessem provocar uma catástrofe atômica. É ativo mais relevante localizado nas proximidades do front.
Ao falar de "terras", Trump refere-se à partilha do território: provavelmente, a Rússia vai levar as áreas que já abocanhou desde 2014 (Crimeia) e desde 2022 (Donetsk, Luhansk, Zaporíjia e Kherson), no total quase 20% do país, que deixará de existir tal qual o conhecemos.
Se na sua mente veio a imagem dos dois líderes decidindo, diante de um mapa da Ucrânia, quem fica com o quê, você construiu a imagem perfeita. É isso mesmo, Trump e Putin vão dividir o espólio da Ucrânia, como EUA e URSS fizeram na Alemanha em 1945. Só que em pleno século 21.