Pelo menos algo na Casa Branca de Donald Trump é previsível: a suposta imprevisibilidade do presidente. Digo suposta porque essa é uma tática antiga, identificada e denominada em manuais de estratégia: a "Teoria do Louco" ("Madman Theory", em inglês).
A ideia é se colocar como alguém disposto a encarar um enfrentamento a qualquer custo na tentativa de dissuadir o adversário. Se um dos lados acredita genuinamente que o outro é capaz de apertar o botão e dar início a uma guerra, pode ceder às demandas dele para evitar o pior.
Foi assim que Trump agiu antes mesmo de assumir o novo mandato para obter o cessar-fogo no Oriente Médio. Em outras palavras, disse a Israel e ao grupo terrorista Hamas: Fechem um acordo, libertem os reféns antes que eu assuma ou o inferno vai se instalar.
Ninguém sabia se ele estava blefando ou não. Na dúvida, houve o acordo. Richard Nixon costumava agir assim, sem muito sucesso, com os soviéticos.
Agora, no caso dos migrantes deportados para a Colômbia, Trump repetiu a tática. O presidente Gustavo Petro não queria aceitar seus conterrâneos de volta porque considerava isso uma violação de direitos humanos. O americano, então, determinou a imposição de tarifas de 25% contra produtos colombianos que entram nos EUA. Petro duvidou. Trump ameaçou com 50% de taxação. Na dúvida, o colombiano recuou. Blefe ou não, Trump venceu.