Uma recomendação ao eleitor que irá às urnas em outubro eleger novos prefeitos e vereadores: não aceite candidato que busque conquistar o seu voto se ele não incluir, entre as propostas, ideias sobre como enfrentar os impactos das mudanças climáticas.
É nos municípios, em áreas rurais ou urbanas, que os efeitos são sentidos pelo cidadão comum, como se viu nesta quarta-feira (17) em várias regiões do Rio Grande do Sul e como é observado, desde os últimos anos, em quebras de safra sucessivas em razão de prolongadas estiagens. É na urbe, no sentido mais amplo, que a vida acontece. Não em Brasília. Não em Nova York, sede da ONU.
Precisamos repensar a vida nas metrópoles, e uma boa forma de começar esse debate é pela campanha eleitoral que se avizinha. O ano mais quente da história, 2023, com frequentes eventos severos no RS, Brasil e mundo, evidenciaram a urgência de medidas estruturais para reduzir os causadores do efeito estufa.
A COP28, realizada em Dubai, no final do ano passado, consolidou algumas dessas propostas em nível global e nos Estados nacionais. Mas algumas dessas ações precisam ser implementadas de forma instantânea, pelos municípios, para prevenção e combate imediato após eventos de grandes proporções.
O Rio Grande do Sul aprendeu com as tragédias do ano passado. Os sistemas de previsões, boletins e ações prévias estão mais céleres. Mas ainda há dificuldades com boletins de alerta suficientemente assertivos e falta a colaboração de toda a população para deixar as casas em zonas de risco a tempo de que tragédias sejam evitadas. O tom de urgência ainda precisa ser modulado.
Um pequeno tema de casa aos políticos que almejam receber os votos dos eleitores em outubro passa por refletir sobre como estão os alertas em seus municípios e na modulagem da rede de comunicação por mídias sociais e outros instrumentos (telefone celular, sirenes, alto-falantes e outros).
Também cabe pensar sobre o quão preparadas e treinadas estão as equipes de defesa civil.
Mas só isso não basta: é necessário avaliar se há identificação de áreas de risco e planos para remoção de populações em encostas de morros e áreas ribeirinhas.
Os grandes temas, como promoção de negócios que possam acelerar a transição energética a produção de energia limpa, a economia circular, planos de ação climáticas, mobilidade e compromissos com carbono zero são fundamentais. Mas é possível (e necessário) começar por iniciativas mais simples - e com enorme eficácia em reduzir impactos e, não se engane, capacidade de salvar vidas.