O Censo Escolar 2024, conhecido nesta semana, traz informações preocupantes para o Rio Grande do Sul. São dados que merecem atenção, análises aprofundadas e providências. O resultado do levantamento, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), indica que, no ano passado, o Estado registrou uma redução de 44,3 mil alunos matriculados na Educação Básica. É o equivalente a uma redução de 2% ante 2023.
É no Ensino Médio que a inquietação é maior, com uma queda nas matrículas no RS no ano passado de 5,2%
A comparação com o restante do país alarma. Foi o quinto maior percentual de perda de matrículas no Brasil em 2024 e o terceiro em números absolutos. O cotejo com os vizinhos do Sul, da mesma forma, desperta atenção. Na contramão do Estado, Santa Catarina e Paraná tiveram o segundo e o terceiro maior aumento de estudantes no recorte – que inclui Educação Infantil e os ensinos Fundamental e Médio das redes privadas, municipais, do Estado e federal.
É no Ensino Médio que a inquietação é maior. A queda nas matrículas foi de 5,2%, enquanto no país cresceu 1,5%. A Educação Profissional, em uma época de escassez de mão de obra, ainda mais a qualificada, também desassossega. A quantidade de frequentadores apresentou uma queda de 4%. No Brasil, alta de 6,7%. No Ensino Fundamental, os resultados gaúchos não são discrepantes em relação à média brasileira – retração de 0,5% no Estado e de 0,4% em nível nacional.
É preciso buscar respostas mais precisas sobre o que está acontecendo, em especial no Ensino Médio. Não se trata apenas de uma questão demográfica. Se fosse, seria sentida em magnitude semelhante no Ensino Fundamental. Tampouco a enchente pode ser a grande causa. Mesmo assim, podem se somar a outros fatores, como um modelo pedagógico pouco atrativo para os jovens.
A evasão na etapa final da Educação Básica é um problema conhecido no Rio Grande do Sul. Mas preocupa que persista, mesmo com iniciativas para combatê-la. O governo gaúcho lançou, em 2021, o programa Todo Jovem na Escola. Com o mesmo propósito, o governo federal deu início, no ano passado, ao Pé de Meia.
A iniciativa gaúcha, voltada a estudantes do Ensino Médio da rede estadual em situação de vulnerabilidade social, paga uma bolsa mensal e outros benefícios aos alunos para a assegurar a sua permanência nas salas de aula. Conforme o Piratini, ao longos de três anos um estudante do turno integral pode ter ganhos acumulados de até R$ 8.250. No ensino regular, até R$ 6 mil. Segundo números de fevereiro, seriam aproximadamente 120 mil beneficiados no Estado. Um mesmo estudante pode ser favorecido pelos programas do Estado e do governo federal e, em três anos, aquinhoar em torno de R$ 15 mil.
São ações direcionadas a evitar que os jovens deixem a escola pela necessidade de trabalhar precocemente para auxiliar no orçamento familiar. É uma pressão, aliás, que aumenta em tempos de desemprego, o que não é a situação do momento. Constata-se que existem perguntas sem respostas. É preciso buscá-las. Jovens sem qualificação têm o futuro profissional comprometido, perpetuando o ciclo da pobreza. Ao mesmo tempo, ter trabalhadores mais bem formados e produtivos é essencial para a competitividade da economia gaúcha.