
As companhias aéreas chineses foram proibidas de receber aeronaves fabricadas pela Boeing, fabricante norte-americana.
Essa decisão foi anunciada nesta terça-feira (15) pelo governo chinês, como retaliação às tarifas impostas ao país pelo presidente Donald Trump.
A China também pediu às companhias aéreas do país "que interrompam todas as compras de equipamentos e peças de aeronaves de empresas americanas", de acordo com a agência Bloomberg.
Conforme a Bloomberg, o governo chinês também considera ajudar as companhias aéreas que alugam aviões da Boeing e enfrentam custos mais altos.
Após o anúncio, as ações da Boeing no pré-mercado de Nova York recuaram 3%, enquanto a brasileira Embraer registrou valorização de 1,4%.
Trump impôs tarifas de até 145% sobre a maioria das importações da China. Pequim retaliou com tarifas de 125% sobre as produtos de origem norte-america.
As sobretaxas alfandegárias impostas por Pequim aumentam o custo das aeronaves e peças de reposição fabricadas nos Estados Unidos. As companhias aéreas chinesas dificilmente conseguem arcar com esse custo adicional.
Guerra comercial
Donald Trump anunciou tarifa universal de 10% para todos os países com relação comercial com os Estados Unidos.
No entanto, suspendeu por 90 dias as taxas mais altas impostas a diversos países, com exceção da China.
O presidente chinês, Xi Jinping, alertou na segunda-feira (14) que o protecionismo "não levará a lugar nenhum" e que em uma guerra comercial "não haverá vencedores".
Entenda a conta
- Os Estados Unidos já aplicavam uma taxa de 10% sobre os produtos importados dos chineses. Em fevereiro, o país aumentou em 10% as tarifas sobre as importações dos asiáticos, somando 20%
- Quando Trump anunciou, no dia 2 de abril, as taxas que seriam cobradas aos produtos dos outros países, informou que a China teria uma taxa extra de 34%. Assim, o total chegava a 54%
- A Casa Branca confirmou mais 50% em taxas sobre as importações chinesas, deixando a tarifa no patamar de 104%, após retaliação da China
- Na quarta-feira, dia em que entrava em vigor a tarifa de 104%, a China voltou a responder os americanos com aumento da taxa sobre produtos americanos, chegando a 84%
- Os Estados Unidos responderam no mesmo dia, aumentado a tarifa para 125%
- Esse valor foi somado aos 20% que já eram aplicados desde fevereiro, chegando aos 145%.
Suspensão de tarifas a outros países
No mesmo dia em que anunciou o aumento das tarifas sobre produtos chineses para 125%, Trump declarou redução de tarifas recíprocas para 10% e pausa de 90 dias para os países que não retaliaram. No Brasil, por exemplo, será mantida a tarifa global de 10%.
O republicano destacou que a decisão ocorre "com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais".
Efeitos da medida
Trump avaliou ainda que os efeitos da medida estão sendo mais rápidos do que o previsto.
— Acho que tudo está funcionando mais rápido do que eu imaginava. Nós estamos em uma transição para virarmos um país ainda melhor — disse.
De acordo com ele, após a aplicação das tarifas, montadoras e fabricantes de semicondutores têm se deslocado "de maneira muito rápida" para os Estados Unidos.
O republicano também mencionou, de forma breve, que considera "insustentável" para a Apple continuar fabricando grande parte de seus iPhones na China.
Ele insinuou que a produção deveria ser transferida para o território americano. Além disso, afirmou que pretende "analisar isenção de algumas empresas americanas com o tempo", para mitigar eventuais impactos das tarifas.
Antes da coletiva, Trump conversava com aliados e demonstrava aparente satisfação com a recuperação do mercado acionário dos EUA.
Na fala à imprensa, destacou que "o mercado de títulos está lindo agora", em referência à reação positiva após o anúncio de flexibilização tarifária.