
A cerimônia de posse dos ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), nesta segunda-feira (10), lotou o Palácio do Planalto, foi prestigiada por lideranças do centrão e deu o tom da ofensiva política que o governo adotará para reverter a queda de popularidade, além de se fortalecer para 2026.
Apesar da fritura política que sofreu, a ministra Nísia Trindade aceitou participar da cerimônia. Com grandeza, listou suas ações à frente da pasta e foi muito aplaudida por gestores e trabalhadores da Saúde que acompanhavam o evento. Disse ter enfrentado uma campanha sistemática de ataques misóginos durante sua gestão.
Na sequência, Padilha demonstrou exatamente o que Lula espera com a troca. O novo ministro atiçou a militância, fez comparações com o governo de Jair Bolsonaro e garantiu que reduzirá a fila do SUS para consultas com especialistas.
Embora tenha confiado uma nova missão a Padilha, Lula não estava satisfeito com o desempenho dele na SRI (Secretaria de Relações Institucionais). A escolha de Gleisi foi criticada por lideranças do centrão, mas Lula está convicto de que ela dará conta de construir alianças para a sequência do governo e para as eleições do ano que vem.
Ao menos no discurso inicial, a ministra deixou de lado o tom mais combativo que marcou sua passagem pelo comando do PT, prometeu ser franca e direta com o Congresso e trabalhar como linha auxiliar dos demais ministérios, citando nominalmente o titular da Fazenda, Fernando Haddad, com quem possui claras divergências.
— A política exige coragem na disputa e grandeza na mediação. É um exercício de coerência e compromisso com valores. Devemos fazer política para somar, reconhecendo as diferenças, respeitando adversários, construindo alianças, cumprindo acordos — discursou Gleisi.
Na plateia, lideranças de partidos que têm espaço na Esplanada, mas internamente estão divididos sobre apoiar o governo, prestigiaram o evento. Com atuação discreta, observaram as promessas da nova ministra, e saíram com expectativa de uma mudança na relação com o governo.
Apesar de as pesquisas de opinião mostrarem uma queda importante no desempenho de Lula, ainda há disposição de vários partidos em caminhar ao lado do governo, pelo menos por enquanto. Caberá a Gleisi, agora, costurar estas alianças.