
Uma figura conhecida no noticiário político e policial reapareceu diante das câmeras, nesta terça-feira (25), durante a sessão de julgamento da denúncia contra Jair Bolsonaro e os outros sete acusados de planejar um golpe de Estado. Na tribuna destinada à defesa, o senador cassado Demóstenes Torres se apresentou para a sustentação oral em favor do almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha apontado como um dos apoiadores do plano de rompimento institucional.
Conhecido por discursos inflamados a favor da ética e da moral, Torres se notabilizava como uma das principais figuras de oposição aos governos do PT até 2012. Filiado ao antigo DEM, ele foi alvo da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF), que revelou ligações do então senador com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, pivô do escândalo da "máfia dos caça-níqueis".
Acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes, Torres foi preso duas vezes, teve o mandato de senador cassado e se afastou da vida pública. Depois, teve processos anulados pelo STF por ter sido interceptado em ligações telefônicas sem autorização prévia da Justiça.
Além de ter retomado o direito de concorrer a cargos eletivos, ele pode retomar o posto de procurador de Justiça em Goiás, do qual se aposentou. Desde então, atua como advogado criminal.
Argumentos sobre plano golpista
Ao defender seu cliente perante a Primeira Turma do STF, nesta terça, Torres rebateu a acusação de que o então comandante da Marinha anuiu ao plano golpista. O advogado disse que a PGR não esclarece de que forma Garnier teria tentado influenciar os demais comandantes militares.
— Ele teria entrado na organização criminosa, segundo a PGR, para influenciar os demais. E como é que alguém entra em algo para influenciar os demais e permanece calado? Qual o método que ele teria utilizado para convencer os demais? Telepatia? Porque ele ficou calado. E ele ficar em silêncio, pressupõe que ele é culpado? — questionou.