Uma diferença do tamanho da Cordilheira dos Andes separa o futebol de Brasil e Argentina, neste momento.
Pelo apresentado na noite desta terça-feira (25), no Monumental de Núñez, a Seleção Brasileira terá um caminho dos mais montanhosos para chegar competitiva na Copa do Mundo de 2026.
Sem Messi e Lautaro Martínez, os argentinos venceram o time de Dorival Júnior por 4 a 1, pela 14ª rodada das Eliminatórias.
Não à toa, os hermanos estão classificados para o torneio a ser disputado em Estados Unidos, México e Canadá — a classificação matemática chegou antes mesmo do início da partida.
A seleção caiu da segunda colocação para a quarta, com 21 pontos, 10 a menos do que o adversário desta noite.
O próximo compromisso do Brasil será contra o Equador, em junho. Ainda nesta data Fifa enfrentará o Paraguai.
Apesar dos múltiplos tropeços, é possível sair classificado para o Mundial nessas duas partidas. Não há garantias de que Dorival será o técnico da Seleção até lá.
O jogo
Com 2 minutos de jogo, o Brasil não tinha tocado na bola. Antes dos 4, perdia por 1 a 0. Aos 7, os primeiros gritos de “olé” estalavam nas arquibancadas.
Aos 12, estava 2 a 0 para a Argentina. O pacote de tragédias parece ter vindo de uma vez só, mas cada um desses marcos continha um pacotinho. Somados se transformaram em um pacotão de decepção para o Brasil.
Nos primeiros 125 segundos de partida, nenhum pé brasileiro tocou na bola. A Seleção de Dorival Júnior fez uma marcação reumática, recuada e que ao mesmo tempo cedia espaço para o oponente.
Durante todo o primeiro tempo, a Argentina imprimiu trocas de passes tão longas quanto os 36 anos que ficou sem um título de Copa.
O primeiro gol saiu assim. Raphinha cometeu falta desnecessária. A bola foi recuada para a defesa. Passou por alguns pés albicelestes até Almada encontrar Julian Álvarez. Ele infiltrou entre Murillo e Guilherme Arana antes de tocar para fazer o 1 a 0. Eram jogados exatos 3 minutos e 47 segundos.
"Olé, olé"
Os milhares de presentes não resistiram à tentação. Quando a Argentina emendou mais uma tripa de passes, a festa nas arquibancadas teve os gritos de “olé, olé” como trilha sonora. Aos 12, uma bola enviesada encontrou Enzo Fernández, na pequena área, para ampliar.
Dorival foi otimista em sua escalação ao colocar Matheus Cunha, Rodrygo, Vinícius Júnior e Raphinha juntos. Em diversos momentos, a Seleção protegeu a sua área com apenas seis jogadores de linha.
Gol achado
Estava tão fácil a ponto de Romero exercer o pecado da autoconfiança. Em lance simples na frente da área, se complicou. Matheus Cunha aproveitou a desatenção, roubou a bola e chutou no canto para descontar. O Brasil reagia aos 26 minutos.
Reação é uma palavra muito forte. Digamos que o gol apenas aconteceu. Aos 35, a Argentina ampliou para 3 a 1. Após um escanteio curto, a bola girou de um lado para o outro até Mac Allister receber cruzamento e desviar de Bento para ampliar: 3 a 1.
Com a situação controlada, a Argentina partiu para a vingança. A entrevista de Raphinha em que disse “Porrada neles” ao falar do clássico não passou despercebida.
O jogo endureceu. Os argentinos ficaram mais ríspidos. A confusão foi inevitável, mas nada além de cartões amarelos foram distribuídos.
Segundo tempo
Depois do gol achado, a Seleção foi chutar a gol somente aos 18 do segundo tempo, embora seja preciso muito boa vontade para colocar a cobrança de falta de Raphinha nas estatísticas.
Foi um lance central. A bola foi amortecida pela barreira e chegou mansa para Dibu Martínez defender. A Argentina tinha arrematado quatro vezes na segunda etapa.
A quinta finalização foi gol. Tagliafico, aos 22, cruzou da esquerda. A bola atravessou toda a área brasileira sem uma única perna para barrá-la. Ela chegou para Simeone acertar o canto do pobre Bento: 4 a 1.
Na mesma posição do primeiro chute brasileiro surgiu o segundo. Também em uma falta. Também com Raphinha,
Agora com perigo. A cobrança raspou o travessão. Mas o Brasil não merecia na noite em que amargou sua pior derrota para a Argentina em 61 anos.
Confira a entrevista coletiva do técnico Dorival Júnior
Eliminatórias — 14ª rodada — 25/3/2025
Argentina (4)
Martínez; Molina, Otamendi, Romero e Tagliafico (Medina, 30’/2ºT); De Paul, Paredes (Palacios, 35’/2ºT), Enzo Fernández e Mac Allister (Nico Paz, 30’/2ºT); Almada (Simeone, 22’/2ºT) e Álvarez (Corrêa, 35’/2ºT).
Técnico: Lionel Scaloni
Brasil (1)
Bento; Wesley, Marquinhos, Murillo (Léo Ortiz, INT) e Guilherme Arana; André (Éderson, 38’/2ºT), Joelinton (João Gomes, INT), Raphinha, Matheus Cunha (Savinho, 22’/2ºT) e Rodrygo (Endrick, INT); Vinícius Júnior.
Técnico: Dorival Júnior
GOLS: Álvarez, aos 3, Enzo Fernández, aos 12, Matheus Cunha, aos 26, e Mac Allister, aos 36min do 1ºT; Simeone, aos 25min do 2ºT;
CARTÕES AMARELOS: Tagliafico, De Paul, Almada, Otamendi, Enzo Fernández (A); Murillo, Raphinha, André (B);
ARBITRAGEM: Andre Rojas, auxiliado por Alexander Guzman e Richard Ortiz. VAR: John Perdomo (quarteto colombiano)
LOCAL: Monumental de Núñez, em Buenos Aires, Argentina