
A decisão de assistir presencialmente ao julgamento de sua denúncia foi tomada de última hora pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Junto a aliados, ele entendeu que o enfrentamento político é a única saída, diante da iminente abertura de uma ação penal relativa à tentativa de golpe de Estado.
Neste cenário, acreditam aliados, os registros de sua presença diante dos julgadores, nesta terça-feira (25), deixará uma imagem de altivez e coragem.
Em poucas horas, o ex-presidente mobilizou alguns de seus deputados mais fieis, voou de São Paulo para Brasília e se dirigiu à sala da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Ficou o tempo todo sentado a poucos passos de distância dos ministros, e assistiu ao início de uma provável sequência de derrotas no Judiciário.
Com um forte isolamento de segurança que dificultava a aproximação de apoiadores e a lembrança de um protesto por anistia que reuniu um público bem abaixo do esperado, Bolsonaro decidiu mobilizar os aliados políticos.
Deputados do PL insistiram para entrar no plenário, defenderam a inocência do ex-presidente e outros acusados perante a imprensa e inundaram as redes sociais de manifestações. Ainda no aeroporto, em rápida manifestação à imprensa, Bolsonaro disse esperar por justiça, mas reclamou da condução das investigações.
— Nada se fundamenta nas acusações feitas de forma parcial pela Polícia Federal. Vou estar acompanhando com os advogados agora e, depois, a gente decide o que vai fazer — afirmou.
No X, Bolsonaro ironizou Alexandre de Moraes:
"Já no meu caso, o juiz apita contra antes mesmo do jogo começar… e ainda é o VAR, o bandeirinha, o técnico e o artilheiro do time adversário; tudo numa pessoa só."
— Apresentamos um sopro de esperança de que ainda temos na justiça. Eles precisam provar com fatos, não com narrativas, que o presidente Bolsonaro é culpado. Não cabe a ele provar que é inocente — defendeu o deputado Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição e atualmente um dos parlamentares mais próximos a Bolsonaro.
A confirmação de que Bolsonaro e os demais acusados passarão a ser réus nesta quarta-feira (26) já é dada como certa por aliados e adversários do ex-presidente. Por isso, a ida às sessões faz parte de uma mobilização que já começou, e envolve especialmente a articulação por um projeto de anistia no Congresso. Os efeitos práticos de um eventual “perdão” pelo Congresso, no entanto, são incertos.
Caso seja confirmada a abertura da ação penal, Bolsonaro planeja intensificar ações tentando desacreditar o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, e os demais integrantes da Primeira Turma do STF. Com isso, o ex-presidente também acredita que poderá reunir apoio popular suficiente para pressionar os integrantes da Suprema Corte.