O tempo de resposta foi muito além da expectativa do próprio governo, mas a recaptura dos criminosos que empreenderam a primeira fuga da história do sistema penitenciário federal também trouxe alívio ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Nos primeiros dois meses de sua gestão, a ânsia por mostrar resultados no combate ao crime organizado foi ofuscada pelas falhas na penitenciária de Mossoró (RN).
Com plena confiança do presidente Lula, Lewandowski já assumiu a cadeira de Flávio Dino na Esplanada admitindo que a área de segurança seria seu maior desafio. Algo natural levando em conta a pouca intimidade com o tema e o fato de ser uma das áreas mais sensíveis do governo petista.
A fuga de Rogério Mendonça e Deibson Nascimento ocorreu duas semanas após Lewandowski tomar posse como ministro. Ele ainda tentava organizar a pasta e determinar as primeiras metas do mandato quando se viu diante de uma crise. Decidiu investir pesado nas buscas, deslocando dezenas de agentes federais para a missão.
Nos corredores do ministério, havia otimismo nos primeiros dias, a partir das pistas descobertas nas proximidades da penitenciária. A cada nova informação, auxiliares de Lewandowski renovavam as previsões de que o fim estava perto. Mas, com a demora, aos poucos a expectativa dava lugar à frustração.
Além de ficar envolvido na operação de recaptura, Lewandowski se viu diante de uma enxurrada de críticas de opositores. A cada novo dia sem resultados, o ministro e o próprio governo ficavam mais expostos.
As primeiras informações da investigação mostram que a fuga durou tanto tempo pelo envolvimento de outros membros de organizações criminosas, e que o plano era deixar o país. Houve uma mudança de estratégia nos últimos dias, desmobilizando a força-tarefa no Rio Grande do Norte, com foco no trabalho de inteligência.
Além de exaltar a recaptura, Lewandowski conseguirá mostrar resultados se tirar do papel com agilidade o plano de reformular a estrutura de segurança do sistema penitenciário federal. O rigor da resposta às organizações criminosas envolvidas na fuga também será determinante.
