
Quase um mês depois do famigerado "Dia da Libertação" de Donald Trump – que marcou a fase mais agressiva do tarifaço –, há sinal efetivo de alívio na guerra comercial. Depois de o presidente dos Estados Unidos anunciar que reduziria as alíquotas de até 145% para a China, o gigante asiático também admitiu suspender sua taxa de 125% sobre algumas importações americanas.
No mercado, pesaram mais balanços negativos de grandes empresas americanas do que a perspectiva, ainda incerta, de um acordo. A bolsa de Nova York voltou ao vermelho nesta sexta-feira (25): o índice mais tradicional (DJIA) cai 0,6%, o mais abrangente (S&P 500) oscila 0,07% para baixo. A bolsa de tecnologia Nasdaq se mantém por pouco (0,3%) no positivo. No Brasil, dólar e bolsa mantêm oscilações positivas – no sentido de que o câmbio varia 0,08% para baixo e o Ibovespa, 0,23% para cima.
Ao apresentar seus resultados do primeiro trimestre, gigantes americanas como American Airlines, PepsiCo e Procter & Gamble alertaram que o vaivém tributário inviabiliza o planejamento. As aéreas – além da American, Southwest Airlines e Alaska Air Group – avaliam que a demanda por viagens de lazer já estava fraca e reduziram suas projeções para o ano porque o clima econômico dificulta as estimativas.
A Procter & Gamble, dona de marcas como Pampers, Ariel e Downy, avisou que deve aumentar preços de alguns produtos. Enquanto isso, montadoras como General Motors, Volkswagen e Toyota enviaram carta a Trump implorando que ele reconsidere a tarifa de 25% sobre carros importados.
Se o acordo com a China prosperar, Trump pode se livrar da pressão de Wall Street, ou seja, do universo financeiro americano. No entanto, à medida que o impacto do tarifaço afeta a vida real, ainda terá de encarar a reprovação quase generalizada do mundo corporativo, o que contraria todas as expectativas sobre o seu governo. E, em decorrência, dos consumidores, também conhecidos como eleitores.