
Depois de cair até R$ 5,65 no início da manhã desta quarta-feira (23), o dólar recuperou o fôlego e fechou com variação para baixo de 0,16%, para R$ 5,718. Na véspera, a ofensiva de Donald Trump contra o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) havia feito a moeda americana perder força ante várias outras, inclusive o real. Por isso, o recuo desta quarta-feira fez a cotação desacelerar menos.
— Não tenho intenção de demiti-lo — respondeu Trump ao ser perguntado sobre Jerome Powell, presidente do Fed.
O BC americano é uma das instituições monetárias mais respeitadas do mundo e serve como guardião do dólar. Ao colocar a credibilidade do Fed em xeque, Trump provocou desvalorização da moeda americana frente à maioria das demais denominações. Antes de ceder, o presidente dos EUA teria recebido "sinais inquietantes" tanto sobre os símbolos do poder econômico do país quanto de risco para a cadeia produtiva americana com as tarifas.
Na terça-feira (22), Trump também hávia dito que os atuais 145% representam patamar "muito elevado", que "vai cair substancialmente". Mas quase 24 horas depois dos primeiros sinais dessa reviravolta, ainda não há confirmação sobre qual será a redução de alíquotas para a China, muito menos garantia que de a posição mais conciliadora em relação a Powell seja definitiva.
Além disso, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, que já foi o "adulto na sala" em outros momentos da crise do tarifaço, fez papel inverso nesta quarta-feira (23). Disse que precisará haver redução de tarifas de ambos os lados, tentando novamente abrir negociação entre Washington e Pequim. Por isso, a cautela do mercado persiste. Os principais índices da bolsa de Nova York fecharam menos animados do que abriram: 1,1% no DJIA, o mais tradicional, e 1,7% no S&P 500, o mais abrangente. A bolsa de tecnologia Nasdaq subiu 2,5%.
*Colaborou João Pedro Cecchini