
Um tubarão-branco com tênis da Nike, um crocodilo fundido com um avião de guerra ou um "gato-peixe" com pernas de humano. Se algum desses personagens inusitados apareceu nas suas redes sociais recentemente, você pode ter sido fisgado pelo "italian brainrot", a mais nova tendência entre os jovens brasileiros.
A estética surreal e desordenada dos vídeos — marcada por criaturas geradas por inteligência artificial, trilhas sonoras caóticas em italiano ou indonésio e uma dose elevada de conceitos absurdos — se espalhou com força no TikTok e no Instagram desde o início de 2025.
"Tralalelo Tralala"
Tudo isso teria sido impulsionado pela viralização do vídeo "Tralalelo Tralala", que mostrava um tubarão calçando tênis em meio a uma narração em italiano.
O vídeo original se perdeu após o criador ter a conta deletada, mas a ausência de contexto só aumentou o mistério e a curiosidade dos usuários.
Rapidamente, surgiram novos personagens, como "Bombardiro Crocodilo", "Lirili Larila" e "Tung Tung Tung Sahur", este último representado como uma criatura de madeira munida de um taco.
Tem até versões brasileiras como o "Brasilini birimbini", um personagem inspirado em um birimbau que veste um óculos escuros.
Criaturas absurdas, sons repetitivos
Os vídeos seguem uma fórmula específica: criaturas surreais, nomes sem sentido e uma voz robótica gerada por inteligência artificial descrevendo suas ações em línguas estrangeiras.
A música de fundo costuma ser repetitiva, com frases que remetem aos nomes dos personagens funcionando como marca registrada de cada figura.
Essa onda, segundo o site Know Your Meme, começou nos Estados Unidos, no início de 2025, e se espalhou rapidamente para outros países.
No Brasil, a febre ganhou impulso com a aparição dos personagens em conteúdos de times como São Paulo e Flamengo, que usaram as criaturas em vídeos no TikTok.
Brainrot
O termo brainrot foi escolhido como a palavra do ano em 2024, pelo Dicionário Oxford, após crescer acumular 130 mil buscas, um crescimento de 230% do ano anterior.
A origem da palavra remonta a 1854, quando foi usada por Henry David Thoreau no livro Walden. Na obra, o autor critica a desvalorização de ideias complexas, comparando o brainrot ao apodrecimento de batatas na Inglaterra.
Na internet, a expressão é usada por internautas para descrever o estado mental causado pelo consumo excessivo de conteúdo trivial e superficial.
Embora o nome da tendência possa ser traduzido literalmente como "podridão cerebral italiana", ela também ganhou um significado próprio nas redes sociais.
É um jeito de explicar os conteúdos absurdos e viciantes, muitas vezes sem nenhum propósito claro, mas que prendem a atenção pela estética estranha e imprevisível.
Narrativas tomam conta do TikTok
Inicialmente criados isoladamente, os personagens do "italian brainrot" começaram a ganhar histórias próprias.
Vídeos explicando a origem, os conflitos e até os relacionamentos entre as criaturas transformaram o meme em uma espécie de universo compartilhado dentro do TikTok.
Toda semana, surgem novas figuras, sons e versões — sempre com imagens geradas por inteligência artificial e dublagens cada vez mais elaboradas.
Veja, abaixo, alguns exemplos: