Perto das 15h desta quinta-feira (13), antes do prometido anúncio de tarifas recíprocas do presidente dos EUA, Donald Trump, o mercado estava posicionado para receber um baque, e o dólar subia.
Como o republicano disse que ainda será preciso estudar as propostas, país por país, abriu espaço para negociações e acabou sendo, outra vez, fator de estabilidade para a moeda americana, ao menos no Brasil: o dólar fechou com oscilação para cima de 0,1%, para R$ 5,768.
Trump assinou um memorando que determina a cobrança de tarifas recíprocas a países. Isso significa disposição de impor, sobre os produtos que entram nos EUA, taxas equivalentes às que cada parceiro comercial aplica sobre as exportações americanas.
Os memorandos, no entanto, são menos formais do que os decretos que Trump tem usado para regulamentar tarifas, como as aplicadas — e depois, suspensas por um mês — a México e Canadá. E as tarifas de reciprocidade só devem entrar em vigor em abril, ainda depois da imposta a aço e alumínio.
Ainda não são conhecidos os detalhes das tarifas recíprocas, que renovam os temores de uma nova escalada da guerra comercial mundial.
O governo americano citou o Brasil no documento que resume as medidas anunciadas nesta quinta-feira: "a tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil."
Parece Trump tentando encontrar um déficit – uma "justificativa" – em uma relação comercial com o Brasil que tem superávit para os EUA há pelo menos 10 anos, como a coluna mostrou.
*Colaborou João Pedro Cecchini