O navio SW Empress, usado na segunda etapa do levantamento sísmico 3D das empresas Shearwater e Searcher Seismic na Bacia de Pelotas, deve subir o litoral gaúcho nos próximos meses, na área dos 35 blocos leiloados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre Chuí e Rio Grande (veja mapa acima).
Iniciada em abril de 2024, a campanha em alto-mar para identificar potenciais acumulações de petróleo na costa gaúcha tem término previsto para junho deste ano, custo estimado de R$ 400 milhões e uma escala 42x42.
Conforme João Zanella, coordenador do programa de comunicação social da NavOcean, empresa brasileira que faz a consultoria ambiental da atividade, há possibilidade de Shearwater e Searcher Seismic chegarem aos primeiros resultados ainda neste ano.
A embarcação SW Empress havia feito uma pausa em 31 de agosto por conta de adversidades climáticas — as mesmas que provocaram uma enchente histórica no Estado — e permissões ambientais, mas voltou ao mar neste janeiro.
Zanella, oceanógrafo formado pela Universidade Federal de Rio Grande (Furg), afirma que há considerável concentração de baleias cachalotes na Bacia de Pelotas entre setembro e dezembro, o que impede a realização de estudo sísmico 3D no período, conforme orientações do Ibama.
O especialista não está a bordo do SW Empress, mas explica à coluna como ocorre a atividade. A embarcação tem cerca de 80 tripulantes, entre os quais camareiros, cozinheiros, equipe de navegação e técnicos para coleta de dados sísmicos. Ao menos sete são biólogos e oceanógrafos brasileiros contratados pela NavOcean que observam o comportamento dos animais marinhos para mitigação de impactos ambientais.
A cada 42 dias, há troca de tripulação, e uma embarcação de apoio traz à terra dados sísmicos em HDs, que são levados aos centros de processamento de Shearwater e Searcher Seismic. A cada duas semanas, um navio vai a Rio Grande buscar combustível e suprimentos para a tripulação do SW Empress.
— É uma rotina intensa, precisa ter aptidão para querer ficar bastante tempo no mar. A relação interpessoal é muito importante, é uma aventura. É um tipo de vida bem diferente, porque você trabalha por 42 dias, depois folga por outros 42 dias.
Sim, é uma escala 42x42, que tal?
O que o navio faz?
A sísmica 3D é um exame do subsolo marinho que costuma ser comparada a uma ultrassonografia. Emite ondas de som que "batem" no fundo do mar e "ecoam" de forma diferente conforme a formação geológica. Permite identificar potenciais acumulações de petróleo para identificar locais mais adequados para a perfuração. O SW Empress reboca cabos sísmicos de 10 quilômetros de comprimento para realização da atividade.
Os dados devem ser vendidos aos já envolvidos na exploração da área, como Petrobras e Chevron, por terem vencido o leilão de dezembro de 2023, ou a potenciais interessados em futuras ofertas.
*Colaborou João Pedro Cecchini