A turbulência no dólar — de janeiro até a forte alta da última segunda-feira (23), a cotação acumula alta ao redor de 27% — traz efeitos à economia real. O que mais preocupa é a alta de preços de vários tipos de produtos: os importados, os com componentes vindos do Exterior e mesmo os que, embora sejam feitos no Brasil com custos nacionais, têm preço definido no mercado internacional.
Mas há quem se beneficie: desde o início deste ano até novembro, as exportações das indústrias do polo moveleiro de Bento Gonçalves cresceram 11,7% no comparativo com o mesmo período do ano passado, chegando a US$ 56,4 milhões. A apuração é do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis), com base em dados do portal Comex Stat, do governo federal.
O que ajuda a explicar a alta é a desvalorização do real — outra forma de dizer que o dólar está subindo. O setor de exportação brasileiro ganha competividade no Exterior quando o real perde força.
Com a alta do dólar, os exportadores ganhan mais em reais ao venderem para o Exterior. Na prática, quando o dólar era R$ 5, quem quem vendia produtos para outros países por US$ 10 ganhava R$ 50. Com a cotação a R$ 6, o mesmo produtor passa a receber mais.
Os principais destinos dos móveis produzidos na região de Bento Gonçalves no período foram Estados Unidos, Uruguai, Chile, México e Peru, conforme o Sindmóveis. É bom lembrar que, apesar de não ser a moeda oficial destes países, o dólar é dominante em transações internacionais.
*Colaborou João Pedro Cecchini