A véspera já havia sido de recuperação na bolsa, mas o câmbio havia ficado paradinho, em sinal de cautela. Nesta quinta-feira (5) em que a ministra de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, assumiu seu cargo, o Ibovespa fechou com alta expressiva, de 2,19%, e o dólar também teve baixa inequívoca, de 1,85%, para R$ 5,352.
O bom humor nacional em dia de baixa de 1,02% na bolsa de Nova York não se deve apenas a Tebet, é claro, mas o discurso da ministra conseguiu traduzir com precisão e sem sustos o que se supõe ser o foco do novo governo: prioridade total aos pobres dentro dos limites da responsabilidade fiscal, até para não prejudicar essa população.
Sinal de que o alívio não veio só com Tebet, as ações saltaram 3,6% (preferenciais) e 3,24% (ordinárias). No discurso que surpreendeu pela transparência - falou três vezes em "divergências" na área econômica - e pelo detalhamento de seu convite - o cargo estava dentro de um envelope entregue a ela pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda antes do Natal, Tebet conseguiu fazer a mais descrição mais palatável das prioridades governamentais.
A ministra pegou carona no antológico discurso do colega de Direitos Humanos, Silvio Almeida, que disse a vários grupos discriminados que todos "existem e são valiosos" para dizer que pretende incluir todos esse públicos no orçamento, porque "passou da hora de dar visibilidade aos invisíveis". E imediatamente acrescentou que atuará com um "lado firme, austero, mas conciliador", para contemplar com "recursos disponíveis" as demandas de cada ministério.
— São muitos os desafios. Estou pronta, Haddad, Esther (Dweck, da Gestão), Alckmin, para, juntos, equipe econômica, combater a inflação, os juros altos, o aumento da dívida pública, que precisa cair, a miséria e a fome. A inflação come o salário suado dos trbalhadores, encarece os investimentos, atrapalha a criação de empregos e cria uma ciranda negativa.
Analistas afirmam que a volatilidade - sobe e desce nos indicadores - vai permanecer até que se conheça o "plano de voo" para a economia. As expectativas do mercado dependem, ainda, da definição do arcabouço fiscal, de eventuais "retrocessos" em reformas e do nível de ingerência sobre estatais.
Esclarecimento: a coluna tem uma escala para usar os verbos "dispara" ou "despenca". É subjetivo, mas baseado em fatos&dados. Movimentações até 3% são relativamente comuns na bolsa brasileira. Por isso, os verbos mais, digamos, dramáticos são reservados a variações acima de 3%.