A publicação do documento em que o governo federal propõe a privatização de parte considerável da Eletrobras – a projeção é de um resultado de R$ 53 bilhões – muda o cenário da CEEE. O secretário de Minas e Energia, Artur Lemos, relatou à coluna que passou o dia, nesta quinta-feira (6), debruçado sobre a proposta. E avalia que pode ser um bom cenário para a companhia gaúcha:
– Muda todo o contexto. Essa nova situação abre uma boa oportunidade de federalização. O ambiente fica mais favorável a novos entrantes.
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Uma das cláusulas atrativas para investidores permitiria às usinas que anteciparam a renovação da concessão e estavam limitadas a cobrar cerca de 70% do valor de mercado na tarifa pudessem aplicar preço cheio. O efeito seria uma alta de preços da eletricidade para o consumidor, mas o governo promete "compensar" com uma redução na cobrança de encargos.
Nesse cenário, Lemos avalia que aumentaria o interesse de investidores pela CEEE-GT, que está nessa circunstância. Para o consultor Rafael Herzberg, a privatização de grande parte da Eletrobras "faz sentido tecnicamente". A empresa, lembra, havia perdido 45% de seu valor de mercado até terça-feira. Nos dois últimos dias, as ações subiram quase 30% – 16,1% só nesta quinta-feira (6).
– Para reabilitar uma empresa, é preciso diminuir seu tamanho, vender alguns ativos para ganhar fôlego e buscar recuperação em longo prazo – pondera Herzberg.
Como está, a estatal, que é dos brasileiros, não dá nada de volta em troca do dinheiro público que a sustenta, diz o analista. E alerta:
– Privatização, no Brasil, tem fama de ter mamata e jogo previamente combinado. Se ocorrer em ambiente saudável e competitivo, seria ótima notícia.
Com o governo federal afundado em investigações, será um desafio assegurar o clima certo.