Porto Alegre amanheceu com protestos de funcionários da Carris. Pelo segundo dia consecutivo, rodoviários fazem manifestações em Porto Alegre contra a possibilidade de venda da companhia pública.
Os funcionários têm todo o direito de protestar. Porém, o que eles não percebem, é que eles auxiliando o prefeito Sebastião Melo a tomar as medidas que motoristas e cobradores se dizem contrários.
Quando um usuário do transporte público não consegue pegar o ônibus que ele está acostumado, ele vai procurar uma outra opção de transporte. Vai usar bicicleta, vai compartilhar viagem com moradores do mesmo bairro, com colegas de trabalho.
A empresa que ele trabalha, e que precisará lidar com o atraso do trabalhador, poderá contratar um ônibus próprio para buscar e levar seus funcionários. Poderá até rever futuras contratações de pessoas que dependem de ônibus, como infelizmente acontece.
Com menos passageiros, as empresas de ônibus, dentre elas a Carris, veem os números de pessoas transportadas despencarem - como já acontece em quase uma década. E a relação é direta. Se arrecada menos na venda de passagem precisa cobrar mais no próximo reajuste para poder dar conta dos gastos e investimentos previstos.
Ao decidirem por protestar punindo o usuário, os rodoviários facilitam a decisão que Sebastião Melo já anunciou. Aliás, Nelson Marchezan tentou, mas, por falta de articulação política na Câmara de Vereadores, só postergou a decisão que se avizinha.
Não importa se a Carris é pública ou privada. A empresa precisa dar previsibilidade a seus passageiros. Precisa dar garantia que irá cumprir horário, de segunda a segunda. Faça chuva ou sol. E, as manifestações não ajudam os rodoviários. Neste momento, só atrapalham.