Novamente, a água voltou a aparecer exatamente onde não podia. Com isso, a Trincheira da Ceará teve, mais uma vez, alagamento na parte mais baixa. Foi o terceiro caso em apenas oito dias.
Tão logo ficou sabendo do alagamento, o prefeito Sebastião Melo determinou que equipes do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) e da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) se deslocassem para a passagem de nível. Melo destacou que a trincheira ainda está sob responsabilidade da construtora Conpasul, e que a empresa foi avisada na semana passada sobre o problema anterior.
Melo informou que o reparo necessário foi feito pelas equipes da prefeitura. Posteriormente, a conta será enviada para a construtora. Por volta das 9h30, os carros já puderam passar pelo local, após as bombas terem voltado a funcionar.
- Está no seguro essa obra. Eu já tinha determinado ao secretário Alexandre (diretor-geral do Dmae), que comunicasse a empresa. E ela foi comunicada. E a partir de hoje nós vamos fazer o que tem que se fazer e vamos mandar a conta para a empresa. Isso não vai ficar assim. Vamos apurar com rigor.
O diretor-geral do Dmae informou, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, que o problema de hoje é um pouco diferente ao da semana passada. Alexandre Garcia destaca que o defeito mais recente está relacionado com a falta de recebimento de energia no local. Novamente, o gerador não funcionou.
Já o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Pablo Mendes Ribeiro, destaca que há um problema operacional grave no sistema de esgotamento do local. Ele informa que sua equipe auxiliará o Dmae na solução do alagamento.
Um dos donos da Conpasul tem outra explicação. Segundo Olivar Basso, o que está ocorrendo é uma falta de manutenção por parte da prefeitura. Ele destaca que a Casa de Bombas foi construída exatamente com as especificações sugeridas pelo Dmae.
- É um sistema que precisa de acompanhamento, requer manutenção e cuidado especial - avalia Olivar Basso.
O empresário lembra que, após a entrega da trincheira, a construtora ficou por três meses no local, 24 horas por dia, monitorando o comportamento da drenagem e nunca houve problema. Além disso, durante os sete anos de obra, mesmo com uma bomba só, o local nunca registrou alagamento, por causa do acompanhamento diário que recebia.
De acordo com Olivar Basso, nos 11 meses seguintes à empresa ter deixado o acompanhamento, a prefeitura não fez qualquer tipo de manutenção no local. Por causa disso, é que a trincheira acabou apresentando alagamento, pois não houve monitoramento da Casa de Bombas.
Nas duas vezes anteriores que a trincheira alagou, a prefeitura informou que a falta de luz e uma pane elétrica no painel da Casa de Bomba ocasionou o problema, mesmo que o local esteja abastecido com três equipamentos para sugar a água e com um gerador que mantém a energia na região, mesmo com a falta de luz.
A obra demorou sete anos para ser entregue. Uma das justificativas era exatamente o reforço que a trincheira teve para evitar os alagamentos. Cada uma das três bombas conta com um disjuntor. O gerador deve atuar exatamente no caso da falta de energia. Tanto funcionou até aqui que, após mais de um ano da inauguração da passagem de nível, não houve relatos destes problema no local.
A trincheira da Ceará custou R$ 39,27 milhões. O valor foi R$ 10,2 milhões maior do que o previsto na licitação, que foi realizada em 2012.
Foram sete anos de construção. A ordem de início dos serviços foi dada em dezembro de 2012, mas os desvios no trânsito iniciaram-se em fevereiro de 2013. A inauguração ocorreu em março de 2020.
Ouça a entrevista do diretor-geral do Dmae, Alexandre Garcia: