
Há duas sinalizações que vêm de Brasília com relação aos pedidos de securitização das dívidas de produtores do Estado e de revisão das mudanças no Proagro. Tratados em esferas diferentes, os dois temas foram foco de reuniões realizadas nesta terça-feira (15) em Brasília. No encontro no Ministério da Fazenda, buscava-se, de mais imediato, a prorrogação dos vencimentos. A ideia de postergá-los por 120 dias é dar um fôlego enquanto a solução estrutural é discutida. Por ora, o que está claro é de que o escopo da medida não será geral.
Uma nova reunião, com técnicos das entidades representativas do agro e da Fazenda está prevista para a próxima semana, antes da agenda com o ministro Fernando Haddad, marcada para o dia 23. O objetivo é produzir um diagnóstico preciso sobre as perdas — e as necessidades do Estado.
— O dinheiro não dá para ser uma coisa ampla e irrestrita. O governo não disse que "não", mas precisamos saber qual é o sim — avalia Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Ele entende que a conversa dos técnicos será fundamental para que se tenha maior clareza de onde está a necessidade tanto da prorrogação quanto da renegociação de dívidas.
Conforme o senador Luis Carlos Heinze, que é autor de projeto de lei sobre a securitização no Senado, dados de bancos do RS apontam que existe um montante de R$ 83,4 bilhões a vencer depois de 2025 e de R$ 30,2 bilhões vencendo em 2025.
— Neste momento, a prioridade é prorrogar as dívidas até que possamos construir uma solução definitiva. São cinco anos de prejuízos bilionários — reforçou o Senador.
A ausência de uma definição, enquanto o tempo avança e faturas já estão vencendo, gerou um sentimento de frustração em parte das entidades presentes na reunião
— Saímos mais decepcionados do que entramos. O entendimento é de que se resolve com o manual de crédito (a questão dos financiamentos) — pondera Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
Proagro deve ter mudanças
Na reunião do grupo de trabalho criado para tratar das mudanças no Proagro, o seguro rural dos produtores familiares, a avaliação foi positiva. Conforme o deputado federal Heitor Schuch, que tem dois projetos de lei sobre o tema, "haverá um novo Proagro".
— Querem que o Conselho Monetário Nacional (CMN) faça novas regras, porque viram que do jeito que está, excluirá muita gente.