Diante de nova frustração de safra causada pelo tempo, produtores familiares do Rio Grande do Sul estão, literalmente, pedindo água. Em reunião realizada nesta quinta-feira (30), em Ijuí, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), elaborou uma pauta, com sete pontos considerados cruciais para evitar uma "quebradeira".
Desses, dois se sobressaem. Um é a necessidade de repactuação de dívidas decorrentes dos anos anteriores e igualmente geradas por danos à safra. O outro, a revogação das novas regras do Proagro (seguro contra intempéries), que limitam o número de acessos.
— Já definimos um roteiro de mobilizações e toda uma estratégia —acrescenta Eugênio Zanetti, vice-presidente da Fetag-RS.
A grande preocupação, pontua o deputado Elton Weber, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária Gaúcha e representante da Assembleia Legislativa no encontro, é com "repactuações feitos, de 2021 para cá". É que os ciclos 2021/2022, 2022/2023 e 2023/2024 foram de problemas (duas estiagens e uma enchente):
— Se esperava colher uma safra normal de soja, que foi fortemente afetada. Está no meio do "temporal" da estiagem. Há milhares de agricultores que não têm mais fôlego.
O parlamentar relata que percorreu mais de 3 mil km nos últimos 14 dias, nas regiões mais afetadas até agora e pôde testemunhar de perto os estragos, com "milhares de propriedades onde não têm mais volta".
Regras que excluem
A limitação do número de acessos ao seguro do Proagro é apontada como uma decisão que exclui produtores, à medida que a ferramenta é prerrogativa para que possam buscar as linhas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
— Se continuar o sol, com 35ºC, 40ºC mais 10 dias, o que não estava ruim, vai ficar — estima o vice-presidente da Fetag-RS.
A pauta elaborada no encontro será encaminhada para os governos estadual e federal. Na parte da tarde, representantes do poder público participaram do debate.