É de forma artesanal que os sócios Tiago Flach (foto) e Vilson Schneider conduzem a produção de cachaça da agroindústria Wille. A dupla uniu forças para colocar em prática o negócio, a partir do sonhado retorno a Poço das Antas, no Vale do Taquari. Apenas quatro anos depois da criação, a marca conquistou na Expointer de 2019 o prêmio de melhor cachaça envelhecida no Concurso de Produtos da Agroindústria Familiar. O título colocou na vitrine a produção, dando confiança aos donos e aos consumidores. Em entrevista à coluna, Tiago conta um pouco dessa e da sua história no agro.
Sempre se imaginou produzindo cachaça artesanal ou foi algo que surgiu no caminho?
O sonho sempre foi voltar para o município e empreender. Na época, tínhamos mais opções (o negócio é tocado com o sócio Vilson Schneider), mas que logo deram espaço ao projeto da cachaçaria. Precisávamos alinhar a questão da matéria-prima ao contexto de propriedade e clima. Vimos na cana-de-açúcar um potencial. Depois, fizemos estudos de mercado, levantamos muitas informações que nos guiaram para investir na produção de cachaça, sempre focados em qualidade.
Vocês mesmos produzem a matéria-prima utilizada?
Praticamente toda a cana-de-açúcar processada na cachaçaria. É uma das etapas mais importantes para se produzir cachaça de qualidade e, por isso, não abrimos mão. Depois de plantada, a cana leva de um ano a um ano e meio para estar pronta para a colheita. É um trabalho que tem de ser pensado e envolve muito da parte física.
Quais os desafios da atividade?
O consumidor de produtos artesanais cria uma expectativa muito grande. Por isso, a constante evolução e a busca de conhecimento são fundamentais. Como produtor, vejo ainda que precisamos trabalhar diariamente a parte do consumidor, para que entenda e aprecie de forma consciente cada detalhe.
Que características deve ter o profissional que atua na área?
Em primeiro lugar, é preciso gostar do que se faz, como em qualquer outra profissão. Depois, é preciso muito conhecimento para conduzir as tarefas da melhor maneira possível, sempre estando atento a melhorias e inovações.
A cachaça é considerada patrimônio brasileiro. Como avalia o consumo no país ?
O consumo de cachaças artesanais vem crescendo ano após ano e, como produtor, vejo um horizonte muito bonito para ser explorado. Novas tecnologias e novas técnicas fazem com que produtos cada vez mais completos sejam desenvolvidos. Isso imediatamente desperta a atenção de consumidores cada vez mais exigentes e conscientes.