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Mais de seis mil pessoas buscaram atendimento médico por virose em Porto Alegre neste começo de ano. O número de casos registrados nas unidades de saúde da Capital subiu de 5.501 nos dois últimos meses de 2024 para 6.237 em janeiro e fevereiro de 2025 — um aumento de 13,37%.
A transmissão ocorre de pessoa para pessoa ou pelo consumo de água e alimentos contaminados. Em locais com saneamento inadequado, como alguns balneários e praias, o risco de infecção aumenta.
— Essa época de praia, principalmente aqui em Porto Alegre, tem essa característica: as pessoas vão para a praia no fim de semana, têm maiores aglomerações, contato com águas contaminadas, e voltam para a Capital, onde acabam consultando e fazendo seus tratamentos — explica a médica Loren Seibel, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
A autônoma Kelen Costa sentiu na pele os impactos da virose. Ela não conseguiu retornar ao trabalho após as férias, porque voltou doente da viagem.
— Muita dor de estômago, dor abdominal seguida de diarreia. Ter que parar de trabalhar por conta da saúde, para quem é autônomo, é muito complicado — afirma Kelen.
A doença atingiu toda a família, e o filho de sete anos teve os piores sintomas.
— Deu medo. O jeito que ele ficou… Fiquei muito receosa de que ele fosse parar no hospital.
No Centro de Saúde Modelo, uma das unidades de referência da Capital, ao menos 278 pacientes foram atendidos por virose neste ano, sendo 49,46% a mais do que nos meses anteriores.
Transmissão dos vírus
O infectologista Diego Falci, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), reforça que a alta mobilidade urbana favorece a propagação dos vírus.
— No Litoral, as pessoas podem estar expostas a outros agentes infecciosos, no caso aqui os vírus que causam doença gastrointestinal, doença respiratória. E, quando elas retornam para as suas cidades, podem continuar a transmissão desses vírus — comenta Falci.
Para reduzir os riscos, médicos orientam a população a manter bons hábitos de higiene, como lavar bem as mãos e evitar banhos em águas impróprias.
— Lavar alimentos antes de comer e também ao fazer as necessidades. As medidas de higiene pessoal são fundamentais, e também do ambiente, onde as pessoas comem, onde as pessoas circulam — diz o médico.
Tratamento
Nos casos de infecção, a recomendação é buscar atendimento médico o quanto antes, especialmente para crianças e idosos, que podem sofrer complicações mais graves.
— Basicamente, é se hidratar muito bem. Essa contaminação pode, dependendo do que está causando, contaminar outras pessoas. Então, nas residências, quando tiver alguma pessoa doente, sempre todo mundo ter a lavagem adequada das mãos, ter os cuidados para também não pegar — recomenda Loren Seibel, da SMS.