Na véspera do domingo, 8 de janeiro de 2023, uma septuagenária “Tia do Zap” chamada Iraci Nagoshi pegou um ônibus em São Caetano do Sul (SP) e foi para Brasília engrossar a manifestação de protesto que, ao longo daqueles dias, mobilizava caravanas pelo país – como era do conhecimento do governo e das forças de segurança, registre-se. Iraci nada temia, porque, como a imensa maioria dos brasileiros que acorreram à capital federal, tinha propósitos pacíficos e acreditava que aquela seria mais uma de tantas manifestações das quais participou sem registro de qualquer ato de incivilidade, nem mesmo lixo jogado ao chão. Estava enganada, descobriria a idosa no dia seguinte, quando se viu em meio a um tumulto generalizado em que todos corriam para qualquer lado que oferecesse proteção contra bombas de efeito moral que vinham do alto para deter a ação de vândalos que surgiram não se sabe de onde nem como – e nem se quer saber, pelo visto. Desarvorada, correu para dentro do Palácio do Planalto para se proteger, e lá foi presa.
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Iraci e o carrasco
Desarvorada, ela correu para dentro do Palácio do Planalto para se proteger, e lá foi presa
Eugênio Esber