
Do longo e estrepitoso discurso de Donald Trump ao Congresso Nacional e demais autoridades norte-americanas, detenho-me em um ponto que soa como um alento para desiludido eleitor brasileiro, este que, nos últimos anos, vem perdendo o direito de votar em quem deseja e que, pior, nem mesmo pode reivindicar o direito de saber o que aconteceu com o voto que digitou, ou pretendeu digitar, na cabine. Declarando agir em nome dos cidadãos que lhe deram um mandato para promover uma mudança “ousada e profunda”, Trump reiterou sua disposição de “drenar o pântano” do deep state. Traduzindo: ele pretende investir o extraordinário capital político que adquiriu nas urnas para desmascarar e desidratar uma camada dirigente que não se expõe ao veredito do povo norte-americano e nem precisa, porque atua com desenvoltura nos bastidores da máquina jurídico-institucional dos Estados Unidos da América. É esta burocracia federal que, nas palavras de Trump, “cresceu até esmagar nossas liberdades”, afogando em um “pântano de regulamentações” toda uma nação “fundada por pioneiros e pessoas que assumem riscos”.
Se o establishment se curvará a Trump e sua revolução do “senso comum”, não sabemos. Mas uma afirmação no seu discurso de 140 minutos acende uma esperança para milhões de brasileiros que no segundo turno foram chamados às urnas para votar em Lula ou Bolsonaro, e não em burocratas como Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, hoje os operadores do regime que manda e desmanda no Brasil. “É simples”, avisou Trump, sem rodeios. “Os dias de governação por burocratas que não foram eleitos chegaram ao fim.”
É o que parece prestes a acontecer nas convulsionadas ruas da Romênia, onde o povo exige o direito de votar em quem deseja e não nos candidatos que a autoridade eleitoral romena lhe impõe, a pretexto de defender a democracia de “desinformação” e outros subterfúgios infantis que, no Brasil, estamos calvos de saber quais são, de ondem partem e a que interesses buscam servir.
Minha solidariedade aos romenos e ao seu rugido em defesa da liberdade e da sua autodeterminação. Que não permitam revogar um princípio sagrado que, aliás, também está sob ataque por aqui, embora esteja expresso no parágrafo único do artigo primeiro da Constituição Federal da República Federativa do Brasil. “Todo o poder emana do povo.”