
Meu sábado foi de sol e fel, e nada parecia suficiente, no dia radioso, para trazer algum conforto. Encarcerada desde março de 2023 por uma figura sinistra que petistas reunidos no Palácio do Planalto aclamaram recentemente aos gritos de “Xandão!” e “Sem Anistia!”, a cabeleireira Debora Rodrigues dos Santos recebeu de seu algoz um voto em que ele a condena a 14 anos de prisão. O único crime provado contra ela é ter pichado uma estátua em frente ao STF usando um batom. Para mais detalhes do caso, vá ao artigo O pequeno Rafa e o carrasco (ZH, 24.7.2024). No texto, contei que o filho de seis anos de Debora gravara um vídeo ao lado do irmão Caio (9) pedindo que soltassem a mãe deles, naquele momento amargando um ano e três meses de prisão preventiva sem que houvesse uma denúncia formal contra ela — mais uma das tantas ilegalidades cometidas pelo ídolo dos que nada sentem e nada perdoam. A voz infantil de Rafa no vídeo deu resultado inverso à sua cândida apelação. O ministro Alexandre, ou “Mr. De Moraes”, como é citado na imprensa estrangeira que reporta suas barbaridades, negou todos os pedidos para que Debora ao menos cumprisse prisão domiciliar junto aos filhos. Alegou ver na moça sem antecedentes criminais “periculosidade social”. Fez mais: despachou-a para outro presídio a 230 quilômetros da família. Um trêmulo pedido de desculpas da própria Debora esbarrou na frieza marmórea do ministro.
Senti-me nauseado pela perversidade que goteja de cada página do voto deste indivíduo contra uma moça do povo, mãe de família cuja única periculosidade talvez seja um dia abrir a boca para dizer o que pensa deste cadáver institucional que se tornou o atual “Supremo Tribunal Federal”. Mas ela não poderá dizer, nem eu, até que os brasileiros enfim acordem para a venezuelização do país (ver artigo Caracas-Brasília II em ZH de 10.6.2023). O “crime multitudinário” que prende gente como Debora é um passo a mais nesta direção.
A esperança está no seu voto para o Senado em 2026. Sugiro que prefira candidatos comprometidos com a depuração da Suprema Corte brasileira pela via do impeachment de ministros abusadores e com o fim do “foro por prerrogativa de função” — a coleira que permite a ministros do STF transformar grande parte dos congressistas eleitos pelo povo em servos da vontade e dos caprichos da mais alta casta judiciária.