No entardecer de 9 de novembro de 2022, o então ministro da Defesa, general de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, enviou ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, o ofício 29.126. Era o aguardado relatório de técnicos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica que, a convite do TSE, fizeram parte da comissão de fiscalização do sistema eletrônico de votação. A eleição presidencial já havia transcorrido, com resultados indicando que o país saía do pleito rachado ao meio. As ruas e redes sociais fervilhavam de questionamentos sobre a lisura do processo eleitoral, e a comoção só ganhava magnitude porque no Brasil o sistema é inauditável e não dá ao perdedor a certeza de que perdeu – preceito seguido nas grandes democracias, aquelas que buscam metabolizar as lutas políticas e seguir em frente com um mínimo de estabilidade. A adoção da urna eletrônica com o comprovante impresso do voto, anteriormente aprovada no Congresso Nacional por ampla margem de votos, teve a oposição implacável dos ministros do Supremo Tribunal Federal – sobrou apenas a urna eletrônica e um processo opaco, para dizer o mínimo, de aferição da vontade popular.
Artigo
Opinião
A caixa-preta
O TSE excluiu as Forças Armadas da fiscalização das próximas eleições
Eugênio Esber