Em 1981, um ano depois de fundar um partido que eu e muitos brasileiros esperávamos que fosse, como o nome prometia, “dos Trabalhadores”, Lula expressou sua desafeição pela mais elementar atividade intelectual. Respondia ele a um simpatizante, Flávio Rangel, homem de teatro, tradutor, jornalista. “Você não está estudando nada? Você sente necessidade de estudar?” Com um tom de soberba e autossuficiência a emoldurar a voz rascante, Lula falou do que mais gosta – de si mesmo: “Primeiro, eu acho que eu sou muito preguiçoso. Até pra ler eu sou preguiçoso. Eu não gosto de ler, eu tenho preguiça de ler. Pelo hábito, isso é questão de hábito. Tem companheiro que passa um dia lendo um livro. Eu não consigo”. Quase quatro décadas depois, eleito e reeleito presidente da República, Lula nada fez para alterar esta biografia. Ao contrário, fez uso da sua aversão a livros para espicaçar, na figura de FHC, “intelectuais e doutores” que segundo ele nada faziam pelo país.
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Lula e o ajudante geral
Um conselho correto, mas servido com arrogância e desprezo aos mais humildes, gerou reações
Eugênio Esber