Luca Modric é um sujeito tranqüilo. Não e muito grande. Mede 1m72cm. Entre os croatas, pode-se dizer que é até baixinho. Tem uma voz relativamente grave, que bem poderia lhe garantir carreira de radialista. Ouve com atenção cada pergunta. Sorri quando reconhece algum jornalista conterrâneo conhecido. Procura ser econômico nas respostas, para não dizer nada fora do lugar na véspera da maior decisão possível na vida de um jogador.
Foi a partir da liberdade de ação conferida a ele pelo técnico Zlatko Dalic, que assumiu na última partidas das Eliminatórias, em meio a uma crise enorme, com risco de nem se classificar para a Rússia, que a Croácia se transformou. Aos 32 anos, quatro títulos de Liga dos Campeões nas costas, o capitão da Croácia, camisa 10, cérebro do time que enfrenta a França na final da Copa do Mundo da Rússia, neste domingo, às 12h, passa mesmo a impressão de ter nervos de aço.
Só mesmo com nervos de aço para errar um pênalti nos acréscimos do segundo tempo, contra a Dinamarca, nas oitavas de final, e não se abater. O jogo estava 1 a 1. Um gol ali encerraria a questão. Modric errou. A partida continuou empatada na prorrogação. Veio a decisão nas cobranças de pênalti, e ele pediu para bater mais uma vez, com o peso de 4 milhões de croatas nas costas. E se errasse novamente? O capitão dos nervos de aço acertou.
– Tive muitos obstáculos na minha vida, mas o recado que deixo para as pessoas é um só: jamais desista no primeiro obstáculo. Feito isso, também não desista no segundo, pois ele virá. Não desista do seu sonho facilmente – disse Modric ao ser questionando, no Estádio Luhzinik, neste sábado (14), em Moscou, sobre qual o conselho que um candidato a craque da Copa do Mundo deixaria para os cidadãos comuns.
– Só estou vivendo esse momento, o mais importante não da minha carreira, mas da minha vida, por não ter desistido lá no primeiro obstáculo. Portanto, se posso dar um conselho, é o seguinte: siga em frente – afirmou Modric, que se recusou a falar das implicações de um eventual título mundial numa disputa da Bola de Ouro da Fifa com Cristiano Ronaldo, Lionel Messi ou Mohamed Salah.
O capitão croata, que só saiu do seu país aos 23 anos, explodindo mesmo no futebol europeu a partir de 2012, quando chega ao Real Madrid, comprado junto ao Tottenham (deixou a Inglaterra sem títulos), completou:
– Isso (a Bola de Ouro) não tem nenhuma importância para mim. Só o que importa é ser campeão do mundo pelo meu país. Somos um povo sofrido, que passou e ainda passa por dificuldades doloridas. Todos os títulos que conquistei não se equiparam ser campeão do mundo pela Croácia.