
O governo federal confirmou a mudança no comando do Ministério da Saúde nesta terça-feira (25), com a demissão de Nísia — já especulada na última semana. O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, assumirá o comando da pasta. A demissão ocorre após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrar insatisfação com a falta de resultados da gestão na área.
Em nota (leia a íntegra abaixo), o Palácio do Planalto disse que a posse de Padilha está marcada para o dia 6 de março.
“O presidente agradeceu à ministra pelo trabalho e dedicação à frente do ministério”, diz a nota.
Nesta terça, a ex-ministra se reuniu com Lula após evento no Palácio do Planalto, onde foi anunciado o acordo para a produção de vacinas contra a dengue. Logo após, o presidente se encontrou com Padilha.
"Hoje de manhã estive com a ministra Nísia Trindade no evento de assinatura de portarias para investimentos nas vacinas contra dengue (Butantan), contra influenza H5N8 e contra o vírus sincicial respiratório (Butantan e Pfizer), além de investimentos em produção de insulina", escreveu Lula em sua conta no X.
Críticas na gestão
A saída de Nísia do comando do ministério foi dada como certa no Palácio do Planalto, e alas do PT já disputavam a sua cadeira. A gestão foi alvo de queixas do Congresso e do próprio Lula — que cobrava a falta de uma marca forte da área.
No ano passado, a gestão da ministra foi marcada por críticas e pressão do centrão relacionada ao orçamento da pasta. De acordo com a avaliação do Palácio do Planalto, em um momento de queda de popularidade do presidente, o Ministério da Saúde tem um grande potencial de apresentar políticas públicas de maior visibilidade.
O reforço do Farmácia Popular foi uma das ações do Ministério da Saúde. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou, no dia 13 de fevereiro, a gratuidade total do Programa Farmácia Popular. No Encontro Nacional de Prefeitos, em Brasília, ela explicou que todos os 41 itens do programa passariam a ser distribuídos de graça nas farmácias credenciadas.
Nota sobre mudança no Ministério da Saúde
"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na tarde desta terça-feira, 25 de fevereiro, com a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
Na ocasião, comunicou a ela a substituição na titularidade da pasta, que passará a ser ocupada pelo atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a partir da posse marcada para a quinta-feira, dia 6 de março.
O presidente agradeceu à ministra pelo trabalho e dedicação à frente do ministério."
Quem é Nísia Trindade
A ministra foi presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Ela assumiu o Ministério da Saúde no início do terceiro governo Lula, em 2023.
Nísia é socióloga, gestora pública e professora de História das Ciências e da Saúde na Casa de Oswaldo Cruz, na Fiocruz, e de Sociologia, no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Em meio às especulações, ela havia afirmado, no dia 21 de fevereiro, que não deixaria o cargo. Ela disse que continuaria "firme" com o trabalho e relativizou mudanças no governo.
Quem é Alexandre Padilha
Nascido em São Paulo (SP), em 14 de setembro de 1971, Alexandre Rocha Santos Padilha é médico infectologista formado pela Universidade de São Paulo (USP), com doutorado em Saúde Pública pela Universidade de Campinas (Unicamp). Também atua como professor universitário.
Deputado federal reeleito pelo PT de São Paulo, está licenciado do cargo para compor a equipe ministerial do presidente Lula. Também foi ministro nos governos Lula (2009-2010) e Dilma Rousseff (2011-2014), tendo chefiado as pastas das Relações Institucionais e da Saúde, respectivamente. Ainda assumiu as mesmas pastas durante a gestão de Fernando Haddad (2015-2016) na Prefeitura de São Paulo.
Mudanças nos ministérios
Em janeiro, Lula já tinha feito mudanças na Secretaria de Comunicação Social (Secom), com a demissão de Brunna Rosa, aliada da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. Além disso, Pimenta saiu do comando a Comunicação do governo, sendo substituído por Sidônio.
Com o deslocamento de Padilha da SRI, que ficava no Palácio do Planalto, Lula abre espaço para uma nova troca justamente na área que trata da relação com o Congresso Nacional.