Os moradores de Taiwan viveram em 3 de abril o mais forte terremoto já registrado no país em 25 anos. Mas não são os únicos a enfrentar a fúria de um tremor de terra. Vivi duas experiências semelhantes, em 2010 e 2011, no Chile e no Japão.
No caso chileno, o epicentro foi na cidade de Concepción, no sul do país. À margem do Oceano Pacífico. O fenômeno ocorre em lugares onde há o encontro de placas tectônicas. O choque entre elas provoca terremotos e tsunamis.
Em 2011, foi a vez do Japão. Apesar de os japoneses estarem mais acostumados e terem uma estrutura melhor para abalos, o país foi assolado por um terremoto devastador de 9 graus na escala Richter. As ondas gigantes – os tsunamis – atingiram a costa leste e deixaram cerca de 18 mil mortos. A crise ficou maior ainda porque as ondas alcançaram a usina de Fukushima, provocando o vazamento de energia nuclear.
Como enviado especial da RBS, vi, em Tóquio, técnicos envoltos em roupa branca e máscara verificando o nível de radiação nos passageiros que entravam nas estações de trem. No ano anterior, havia estado no Chile, também pela RBS. No país sul-americano, morreram 700 pessoas. Nos dois casos, tive uma prova do que os moradores sentiram.
Três dias depois do terremoto maior no Chile, vivenciei uma réplica. Ainda durante a madrugada, o primeiro sinal de que algo estava errado era dos animais domésticos. Gatos e cachorros passaram a correr extasiados. Calejados, os chilenos perceberam que um novo terremoto se avizinhava. De repente, um estrondo ensurdecedor confirmou o pior. O tremor de terra não se compara com a vertigem. Se tu tens uma tontura, ainda consegue se apoiar em algo e continuar em pé. No terremoto, não. É impossível se apoiar, pois tudo treme. Eu dormia sobre um cobertor na varanda da casa quando houve a réplica. Minha primeira reação foi tentar levantar. Foi em vão. Não existe onde se apoiar pois tudo balança.
No caso do Chile, a situação era tão assustadora que, para conter os saques e a convulsão social, o exército foi acionado. Diante da situação de calamidade, o jornalista precisava de um salvo-conduto dos militares para poder atuar sem ser preso.
Não se preocupe. O Brasil não está numa zona de placas tectônicas. Nossos problemas são outros e não naturais.