Sobraram alertas de que aquilo poderia ser nocivo. Em 2007, a Apple lançou o iPhone. Nossa vida mudou para melhor e para pior. A parte boa é que facilitou nossa comunicação. Os aplicativos também alteraram nosso comportamento. Não precisamos mais sair de casa para ir ao banco, por exemplo. A ruim é que nos colocou em bolhas, nos isolou do mundo analógico. Agora, estamos pagando o preço.
"Nossa, o ano passou tão rápido” , me disse uma pessoa recentemente. Ao que respondi: “E vai piorar. Ano que vem, vai passar mais rápido ainda". As redes sociais nos deixaram mais imediatistas. Somos pessoas premiadas pelo tempo. A mensagem que chega pelo WhatsApp precisa ser respondida imediatamente. Além disso, desconectamos da vida real, para viver na ilha da fantasia, onde tudo dá certo e nada dá errado. São as redes sociais dos influencers que, na vida real, devem sofrer igual a nós. Mas se eles dizem que algo deve ser de tal forma, seus seguidores dão like numa espécie de certificação de que aquilo está mesmo correto.
Pior ainda, as crianças estão cada vez mais assim. Estamos formando uma geração ansiosa, como bem definiu o psicólogo Jonathan Haidt em seu mais recente livro.
Não surpreende que as pessoas estejam cada vez mais parando de ler livros. Pesquisa feita pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) chegou à triste conclusão de que mais da metade da população (53%) não leu sequer um livro em 2024. Mais assustador ainda é que mais de 7 milhões de pessoas deixaram de ler livros nos últimos 5 anos. Isso é mais do que a população do Rio de Janeiro. Também não surpreende que o dicionário Oxford, um dos mais prestigiados do mundo, tenha escolhido o termo Brain Roit como o mais importante do mundo em 2024. Apodrecimento mental resume bem a forma como “aprendemos”nas redes sociais, onde o conteúdo é raso e está nos empobrecendo intelectualmente.