Uma das principais nadadoras de sua geração, Rachele Bruni tem um currículo invejável. Afinal, ela tem duas participações em Jogos Olímpicos, com uma prata conquistada nos 10km da maratona aquática, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro em 2016, três pódios em mundiais e 10 medalhas de ouro em campeonatos europeus.
Após terminar em 14º lugar nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021, Rachele decidiu buscar um novo programa de treinamentos e resolveu vir trabalhar no Brasil, mais precisamente em Porto Alegre, no Grêmio Náutico União, clube com grande tradição na modalidade e que revelou o medalhista olímpico Fernando Scheffer e que conta atualmente com uma das principais equipes de águas abertas do país, liderada pelo técnico Kiko Klaser e que tem Viviane Jungblut como expoente.
Nascida na bela Florença, Rachele morava em Roma, antes de se mudar para Porto Alegre. Aos 32 anos, ela tem traçados todos os objetivos futuros e mira uma nova medalha olímpica, que segundo ela será "uma medalha do Brasil e da Itália".
Em conversa com a coluna, Rachele falou sobre sua vida na Capital, saudades da sua Itália e a caminhada até Paris 2024.
Como você está se sentindo aqui em Porto Alegre, no Grêmio Náutico União ?
Eu vim para treinar aqui em Porto Alegre há um ano e meio e estou muito feliz aqui no clube. As pessoas são muito alegres, felizes. É um pouco diferente da Itália. Eu gostei da cidade, as pessoas te ajudam. Eu sinto um pouco de saudade da Itália, a distância, mas aqui no clube, o Kiko (Klaser) meu treinador, as gurias e os guris que treinam comigo me ajudam a não sentir essa falta da Itália.
Como é sua relação com a Viviane Jungblut, que também busca competir em Paris nos 10km, mas pelo Brasil?
Eu já conhecia o Kiko e a Viviane de participações em mundiais, das etapas do Copa do Mundo, até porque competimos na mesma prova. Fiquei muito feliz, porque a Vivi é uma atleta muito forte, treina muito bem, é uma grande competidora. Eu gosto disso porque no treino podemos nos testar. Passei a conhecer melhor o Kiko, que é um treinador tranquilo, mas que quando precisa cobrar, ele cobra.
E o que você pode falar do que viu em Porto Alegre nesse ano e meio que está morando por aqui?
Eu gostei de tudo. Mas não gostei das "lombinhas" (subidas) porque andar a pé é difícil. Eu gostei da orla, de ficar lá olhando o skate, o vôlei de praia. Fui no estádio (Beira-Rio). Fiquei muito feliz de olhar um outro mundo, diferente da Europa. Fui ao Centro, conheci a Catedral (Metropolitana). É diferente da Itália. Eu morava em Roma, eu nasci em Firenze (Florença). Tem muita coisa histórica, como o Coliseu. Mas eu gostei da cidade, sim.
Você já esteve na Serra Gaúcha, que é uma região colonizada por italianos ?
Eu ainda não fui. Quero conhecer Gramado. Eu fui em Santa Catarina, gostei de lá. Mas com calma eu vou visitar outros lugares fora de Porto Alegre.
Como você analisa o cenário dos 10km para os Jogos de Paris ?
As atletas cresceram muito. A prova é muito forte. No cenário olímpico será muito diferente. Lá a disputa será em linha reta, no rio. Eu nadei uma, duas vezes 10km em linha reta e é preciso treinar. Não ter medo, mas treinar bem para que o objetivo seja alcançado (medalha).
E você vai competir nos Jogos como atleta do Grêmio Náutico União?
Sim. Se eu conquistar a qualificação será como atleta do clube. Vou ficar aqui até 2024.
Então se sair uma medalha, será do Brasil e da Itália?
Sim, claro que sim. Do Brasil e da Itália.