
Um dos organismos mais fortes do mundo e capaz de reunir 205 nações a cada quatro anos, o Comitê Olímpico Internacional (COI) completará 131 anos de fundação no próximo dia 23 de junho.
E a data em que o Dia Olímpico é comemorado será especial para Kirsty Leigh Coventry, nascida no Zimbábue em setembro de 1983. Aos 41 anos, a ex-nadadora dona de dois ouros olímpicos tomará posse como nova presidente do órgão, quebrando um tabu ao ser a primeira mulher a chegar ao cargo.
O COI é responsável por organizar os Jogos Olímpicos e por tomar decisões como afastar a Rússia de eventos esportivos, seja por um programa de doping ou pela injustificada invasão ao território ucraniano. E essas decisões implicam até mesmo na política internacional.
Momentos de crise
Duas guerras mundiais, uma Guerra Fria, ditaduras, crises financeiras nos quatro cantos do planeta, uma inesperada pandemia, discriminação racial e de gênero são algumas das questões que nesses 130 anos de existência do COI já ocorreram.
Com todos esses temas, ainda há o esporte, com interesses milionários de patrocinadores, disputas entre países para mostrar quem ocupa o posto de maior potência, o submundo do doping e até mesmo dos escândalos de compra de votos para sediar os megaeventos organizados pelo COI também farão parte das tarefas diárias de Kirsty Coventry.
Claro que a ex-nadadora não irá trabalhar sozinha e terá a seu lado uma imensa equipe. Mas a imagem final será a dela, de uma mulher que rompe o reinado masculino em uma das entidades de maior poder no mundo.
O COI tem mais países filiados e reconhecidos do que a própria Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo.
Diálogo
Será Coventry que precisará dialogar com Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, país que abrigará a próxima edição dos Jogos Olímpicos em 2028, em Los Angeles.
Caberá a ela frear o ímpeto do presidente estadunidense de barrar pessoas de origem latina ou árabe de seu território, ao menos no período em que o evento será disputado, como se fosse uma "trégua olímpica".
Será a ex-ministra de esportes do Zimbábue, país que só se tornou independente da Grã-Bretanha há 60 anos, que terá que buscar um entendimento esportivo para reaproximar os russos do movimento olímpico sem causar maiores danos.
Da mesma forma, ela terá que achar uma via para que israelenses e palestinos não levem as diferenças históricas para o plano esportivo.
A tarefa de presidir o COI será um trabalho árduo. Em um mundo de muitos interesses em jogo, o esporte por vezes é pano de fundo para outras batalhas travadas pelas nações.