O tempo fechado também atingiu em cheio a produção gaúcha. Mas como as culturas encontram-se em diferentes etapas no Estado, o impacto da chuva e dos temporais foi diferente. Até o momento, a produção de uva na Serra é a que esteve mais suscetível à ação do clima. O granizo entre o final da tarde e o início da noite de domingo atingiu parreirais - e também pessegueiros - nos municípios de Monte Belo do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha, Nova Roma do Sul, Pinto Bandeira e Caxias do Sul.
- A primavera é, tradicionalmente, o período de maior incidência de granizo no Estado - explica Glauco Freitas, meteorologista da Fundação
Estadual de Pesquisa Agropecuária.
O diagnóstico completo só deve ser conhecido hoje, quando técnicos da Emater terminam de contar os prejuízos, tarefa iniciada ainda nas primeiras horas da manhã de ontem, como relata o gerente da regional de Caxias do Sul, Neuri Frozza. Em alguns locais, a perda é estimada em até 70% (leia mais abaixo).
- Dependendo da extensão, o dano pode ser irreversível - observa Frozza, em relação aos parreirais.
A situação também é monitorada nas lavouras de arroz, atualmente na fase de plantio. O principal efeito dos alagamentos registrados na Fronteira Oeste poderá ser o atraso na semeadura, que já tinha pequeno déficit em relação ao ano passado. Nas áreas mais baixas, é preciso esperar cerca de 10 dias para retomar os trabalhos depois do fim da chuva.
- O atraso pode levar à redução na produtividade, consequência da menor resposta à adubação e maior incidência de doenças - explica Sérgio Lopes, diretor técnico do Instituto Rio Grandense do Arroz.
Em plena colheita, o trigo segue com bons resultados, segundo o assistente técnico da Emater Ataides Jacobsen. Nem a chuva e a geada no final de outubro comprometeram as estimativas iniciais, apesar dos danos pontuais.