
O escritor, jornalista e editor mineiro, Benito Barreto, morreu aos 95 anos, na segunda-feira (17). A causa da morte não foi divulgada.
Ele era ocupante da cadeira nº 2 da Academia Mineira de Letras, que lamentou a morte e disse que ele deixará um legado inestimável para a literatura e a cultura mineira.
Benito Barreto nasceu em 17 de abril de 1929, em Dores de Guanhães, no interior de Minas Gerais. Iniciou sua carreira no jornalismo ainda jovem, trabalhando em diversos jornais em Belo Horizonte e Salvador. Militante político, teve passagens pelo Partido Comunista e atuou na imprensa de resistência.
Após conflitos e embates com opositores políticos e a polícia, Benito foi enviado pelo Partido Comunista para a Bahia. Trabalhou no jornal O Momento, em Salvador, e, depois de algum tempo, passou a atuar no interior do Estado, clandestinamente. Após quatro anos, uma doença fez com que Benito se afaste da linha de frente da militância para se tratar.
No início da década de 1950, Benito retorna a Belo Horizonte e trabalha em diversos jornais da capital mineira, como Correio do Dia, Correio da Tarde e Tribuna de Minas. Passa também a contribuir com o jornal de cultura Horizonte, onde publica suas primeiras crônicas. Em 1954, Benito se casa com Iracema de Faria.
Trajetória profissional
Como escritor, destacou-se pela tetralogia Os Guaianãs, composta por Plataforma vazia (1962), Capela dos Homens (1968), Mutirão para matar (1974) e Cafaia (1975), com dois volumes traduzidos e publicados na União Soviética. Posteriormente, lançou a tetralogia histórica Saga do Caminho Novo, premiada pela União Brasileira de Escritores.
Benito também fundou a Editora Casa de Minas e dirigiu publicações voltadas para a construção civil, consolidando sua contribuição para o jornalismo e a cultura mineira.
Após, Benito começa a dedicar-se às pesquisas sobre a Inconfidência Mineira, para sua nova tetralogia, Saga do Caminho Novo, com leituras e viagens pelo interior do Estado.
O primeiro volume, Os idos de maio, foi publicado em 2009 e seguido por Bardos e viúvas (2010), Toque de silêncio em Vila Rica (2011) e Despojos: a festa da morte na Corte (2012). A saga recebeu, por três anos consecutivos (2010, 2011 e 2012), os prêmios de melhor romance histórico do ano, concedido pela União Brasileira de Escritores – seção Rio de Janeiro.
Em 2018, publicou, pela Academia Brasileira de Letras, em sua Revista Brasileira nº 96, “Rios e Riobaldos”, texto de sua conferência ali proferida, por ocasião do Ciclo Guimarães Rosa.
Ao longo de sua carreira, Benito Barreto foi agraciado com medalhas – entre outras, a Grande Medalha da Inconfidência –, comendas e outros títulos e honrarias.