
Um celular atirado pela janela por um dos presos da Operação Faroeste Digital, realizada no ano passado, levou a Polícia Federal aos líderes de uma organização criminosa. A identificação resultou na Operação Tripeiros, nesta terça-feira (1º).
Foram executados 12 mandados de prisão e 18 de buscas, além do sequestro de bens de investigados em São Paulo, Goiás, Santa Catarina e Ceará autorizados pela Justiça.
O nome da operação remete aos responsáveis pelo recrutamento de "laranjas" usados para distribuição de dinheiro desviado de contas bancárias de empresas via fraudes eletrônicas.
A PF classifica o grupo como "uma das maiores organizações criminosas especializadas em fraudes bancárias em pessoas jurídicas".
Site "clone" de bancos
A PF apurou que a organização criava até site "clone" de bancos e "atraía" vítimas a entrarem e inserirem dados bancários para transferências milionárias.
Segundo a PF, "os criminosos utilizavam técnicas de engenharia social e phishing para realizar as fraudes". O phishing é um ataque cibernético que visa obter dados confidenciais de vítimas.
Por meio do acesso a essas informações dos clientes do banco, os criminosos criavam um site "clone" da instituição financeira e faziam a engenharia social, método de manipulação e persuasão para ludibriar a vítima.
Mais de R$ 100 milhões movimentados
A Operação Tripeiros constatou que, em apenas um ataque cibernético, em questão de minutos, o dinheiro transferido de uma só conta totalizou quase R$ 1 milhão e foi distribuído em mais de 70 contas de "laranjas". Segundo a PF, durante o período de um ano e meio da investigação o grupo movimentou mais de R$ 100 milhões.
A PF chegou às lideranças da organização por meio da análise de conteúdo do celular jogado pela janela por um dos alvos da Operação Faroeste Digital, executada em 2024.
Toda a investigação ficou a cargo da Diretoria de Combate a Crimes Cibernéticos, braço da PF que atua contra fraudes eletrônicas. A atribuição sobre esse tipo de crime é da Justiça estadual, mas a PF assumiu o controle da investigação porque a quadrilha operava em vários Estados.
Os alvos da Operação Tripeiros deverão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, furto qualificado mediante fraude e organização criminosa.
Em nota, a PF reafirmou seu "compromisso com o combate à criminalidade cibernética e à proteção do sistema financeiro nacional".